Introdução: a pessoa transexual é aquela que apresenta identidade de gênero distinta do sexo designado ao nascimento. Apesar do Brasil ser um país que possui políticas e programas que subsidiam ações com essa comunidade, o preconceito, a desigualdade e o estigma são pautas presentes na vida dessa população, que sofre diariamente com os altos índices de violência por não pertencerem ao padrão heteronormativo, afetando a manutenção de seu bem-estar e saúde. Diante disso, destaca-se a importância dos profissionais da área da saúde na implementação e consolidação das diretrizes políticas que protegem essa população, principalmente no que tange à saúde sexual e reprodutiva. O enfermeiro, ao integrar a equipe de saúde desempenha um papel fundamental no cuidado à saúde da população trans. Objetivo: relatar a experiência de cuidado à saúde de uma pessoa trans no período puerperal. Metodologia: a vivência ocorreu no mês de abril de 2024, durante as aulas práticas, desenvolvidas no setor hospitalar da maternidade, no componente curricular Gestão do cuidado materno-neonatal e pediátrico, vinculado ao curso de Enfermagem de uma universidade localizada na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Resultados e discussão: a vivência do período gravídico-puerperal comumente é atrelada à mulher cisgênero, fazendo com que os profissionais da área da saúde não se sintam preparados para atender homens trans, que vivenciam a experiência de gestar. A gestação e o puerpério vivido por homens trans pode ser marcada pelo enfrentamento à resistência da conjuntura social, desafiando a definição convencional de maternidade e paternidade. Durante as aulas práticas, foi possível verificar que a presença do homem trans, na maternidade, pode simbolizar a quebra de ideologia acerca das expectativas com o período gravídico puerperal, associado ao conceito da gestação ligado apenas às mulheres cisgênero. A experiência de desenvolver o cuidado à saúde de um homem trans no período puerperal permitiu verificar a insegurança e a falta de preparo dos profissionais, frente à transexualidade, afetando a assistência prestada. Esse comportamento pode estar atrelado as lacunas existentes na formação acadêmica devido à inexistência de espaços destinados à discussão sobre o cuidado à saúde de pessoas transgênero, em especial sobre no período gravídico-puerperal. A prática acadêmica permitiu verificar que a vivência gravídico-puerperal de pessoas transgênero precisa ser reconhecida e inserida nas discussões em sala de aula e nos serviços de saúde, de modo a ampliar o olhar de acadêmicos e profissionais sobre a necessidade de respeito à diversidade de gênero e cuidado equânime às diferentes configurações familiares. Considerações finais: reconhece-se que as temáticas envolvendo gênero e sexualidade vêm ganhando maior visibilidade nas grades curriculares, permitindo a oferta de componentes curriculares, que contribuem para uma formação voltada para a diversidade e para o maior conhecimento e preparo dos profissionais de saúde. Contudo, ainda é preciso investir em ações de educação permanente nos serviços de saúde, que permitam a preparação dos profissionais da saúde para uma assistência mais inclusiva e sensível às diversas identidades de gênero.
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