Apresentação: A democratização do acesso à Atenção Especializada em Saúde (AES) e a garantia da equidade e integralidade são desafios prioritários para o Sistema Único de Saúde (SUS). Aprofundar o conhecimento da AE é uma diretriz Política Nacional de Atenção Especializada (PNAES). Assim, este estudo visa sistematizar conhecimentos e experiências sobre a AES na região Nordeste do Brasil a partir da análise dos trabalhos publicados nos Anais de dois congressos brasileiros de Saúde Coletiva.
Desenvolvimento do trabalho: Este estudo é uma ação do Observatório de Políticas Públicas do SUS da Unifesp, com objetivo de gerar conhecimentos sobre a AES no país, em colaboração com a pesquisa Cartografia da Atenção Especializada no Brasil (Chioro e cols, 2023). A pergunta de pesquisa que moveu esta investigação foi: "Quais os desafios e as potências que se destacam hoje no Brasil na implementação da política de AES na região Nordeste?". Utilizando-se da revisão integrativa, foram identificados 5239 trabalhos publicados nos Anais do 13º Congresso de Saúde Coletiva (2022) e do 4º Congresso de Política, Planejamento e Gestão da Saúde (2021). Após leitura dos trabalhos, observou-se que região dos 5239 resumos, 190 abordaram o tema da AES. Neste estudo foram selecionados todos os trabalhos que fizeram abordagens de realidades específicas, 130, prospectando saberes e experiências localizadas na região Nordeste do Brasil.
Resultados: A região nordeste concentra 35% dos resumos sobre AES, com 22 trabalhos com enfoque na assistência e 24 sobre aspectos de gestão. Na região se destacam as experimentações de gestão e articulação de rede.
O Nordeste possui experimentações complexas quanto à gestão e regulação assistencial. Há investimento em consórcios intermunicipais e interfederativos que têm destaque na articulação da rede de cuidados, considerando que visam a redução de vazios assistenciais. Destaca-se também o uso de tecnologia da informação e comunicação que, através de telematriciamento, por exemplo, auxilia na redução de filas de espera. A telessaúde também se destaca em iniciativas de apoio matricial na atenção básica para prevenção e promoção de saúde. Ferramentas digitais de fácil uso e acesso são utilizadas no processo de gestão.
As policlínicas regionais têm um importante papel no acesso ao tratamento clínico especializado e de apoio diagnóstico por imagem/laboratório. Contudo, a coordenação de ações de transporte sanitário, alimentação e acomodação para usuários e seus familiares fazem diferença na adesão dos usuários.
Os trabalhos analisados apontam para a necessidade de ações de Educação Permanente (EP) que possam aprimorar a comunicação entre gestores, profissionais e usuários. Ressaltam, também, a importância da coordenação da política de saúde regional e do planejamento com base nas necessidades do território, isto é, na realidade local.
Considerações finais: As experimentações na região Nordeste tratam dos desafios locais e sistêmicos da implementação das políticas de saúde. Os vazios assistenciais vêm sendo enfrentados com estratégias de gestão. Os estados utilizam dos consórcios e ferramentas digitais para gestão de filas, telematriciamento, entre outros. O acesso às policlínicas ainda é tema de discussão nos trabalhos, que sugerem, como estratégia enfrentamento, ações de EP e planejamento a partir das assimetrias regionais.