Apresentação: A Educação Permanente em Saúde (EPS) é um espaço de aprendizagem que promove a integração ensino-serviço, favorecendo a reflexão crítica sobre as práticas profissionais. Neste sentido, constitui uma valiosa estratégia político pedagógica para abordagem de temas relevantes para a saúde. Sendo assim, teve por objetivo relatar a experiência de docentes assistenciais na EPS de Enfermeiros, utilizando o diálogo sobre a violência como estratégia de ensino aprendizagem, na perspectiva do acesso, abordagem centrada na pessoa e na coordenação do cuidado de pessoas em situação de violência. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência, realizado por docentes assistenciais do Curso de Aperfeiçoamento em Enfermagem em Atenção Primária à Saúde, com Enfermeiros que atuam no Programa Estadual de Qualificação da Atenção Primária à Saúde. O processo formativo contou com uso de metodologias ativas, utilizando a escuta e o diálogo para o exercício da reflexão e troca de saberes. A experiência ocorreu em abril de 2024, problematizando a situação da violência no território e os desafios do cotidiano de trabalho. Realizados encontros: síncrono online, atividade dispersão supervisionada e presencial. O planejamento foi colaborativo entre docentes e coordenação, para implementação do documento norteador: Plano de Ação Didática. As oficinas contaram com vídeos disparadores para sensibilização e reflexão da situação de pessoas em situação de violência; situações problemas sobre a abordagem centrada na pessoa e na coordenação do cuidado, para redução das barreiras de acesso na APS; análise do Anuário Estadual de Segurança Pública do Espírito Santo; pesquisa e socialização das evidências científicas; compartilhamento de experiências vivenciados em cenário de prática, sob a ótica do acolhimento e humanização, bem como a compreensão da Rede de Atenção; notificação acolhimento e seguimento do cuidado a vítima de violência no âmbito da APS. Resultados: Observou-se sensibilização dos profissionais para o cuidado às pessoas em situação de violência no território, possibilitando o desenvolvimento de competências essenciais à prática profissional. A experiência do diálogo sobre a violência ampliou o espaço de discussão, repercutindo em co-responsabilidade na coordenação do cuidado; estratégias para melhoria do acesso; discussão da abordagem clínica centrada na pessoa, além do acolhimento e no fortalecimento da Rede de Atenção. Observou-se expressões e sinais sugestivos de medo de discutir o tema, além da recorrência de relatos sobre a violência doméstica, gerando necessidades educacionais. Sobre a ficha de notificação de violência, foi percebida a necessidade de aprimoramento. Verificou-se que a utilização de métodos ativos de aprendizagem no processo de formação ensino–serviço possibilita o compartilhamento de experiências, facilitando a troca de saberes. Considerações finais: A EPS é de fundamental importância no aprimoramento das competências profissionais para enfrentamento à violência na APS. Criar espaços de diálogo e troca de experiências potencializam a aprendizagem significativa e dá visibilidade ao tema. Faz-se necessário um olhar atento e cuidadoso do profissional no que se refere às pessoas em situações de violência na APS e, diante dos desafios encontrados, tornar-se-á necessário maiores investimentos em processos formativos que aprimorem os profissionais para o cuidado, atendendo às necessidades das pessoas, para melhoria da qualidade de vida.