O trabalho trata-se de relato de experiência de profissionais da Enfermagem, bolsistas do Programa de qualificação da APS do Instituto de Ensino Pesquisa e Inovação (ICEPI). Tem por objetivo, evidenciar a importância desta formação para atualizar o Enfermeiro num olhar ampliado do paciente para além da queixa.
Na oficina de junho/2023, foi abordado o tema Vigilância Alimentar e Nutricional no contexto da APS. Observa-se que na rotina de trabalho do enfermeiro, o paciente chega no serviço com queixas que são consequências da obesidade. Para prestar atendimento integral, o profissional precisa abordar a causa que está invisível (obesidade).
A Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) faz parte das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) do Ministério da Saúde e importante instrumento para avaliação do perfil alimentar e nutricional da população identificando também, os fatores condicionantes e determinantes.
A alimentação é motivada pela cultura, estilo de vida e acesso econômico. Assim, a qualidade de vida depende também do estado nutricional do indivíduo. Os profissionais de saúde utilizam a avaliação nutricional para prevenir, diagnosticar e promover educação em saúde para promover hábitos saudáveis.
Na avaliação, identifica-se além do risco de desnutrição, a obesidade que é importante fator de risco para o surgimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs).
A Primária à Saúde (APS), desempenha papel fundamental no cuidado das pessoas do território, com atuação das equipes multidisciplinares e, em especial, o enfermeiro.
Os profissionais da APS têm a oportunidade de atuar na abordagem da obesidade, aconselhando sobre nutrição, atividade física e esclarecendo dúvidas sobre essa doença crônica. Tal atividade é considerada indispensável na APS pela Política Nacional de Promoção à Saúde.
No cuidado convencional, a consulta de enfermagem na APS é ideal para realização de identificação de riscos e do aconselhamento dos usuários com sobrepeso e obesidade. O Enfermeiro possui conhecimentos para tomada de decisão, planejamento e avaliação das ações voltadas ao indivíduo, às famílias e à comunidade através do cuidado.
A enfermagem tem papel ativo no manejo da obesidade, fornecendo educação, apoio emocional e monitoramento dos pacientes. Atuando principalmente na educação sobre hábitos alimentares saudáveis, atividade física e estratégias de autocuidado.
O resultado está numa prática clínica com olhar ampliado voltado para atender o paciente em sua queixa, porém, trazendo o olhar do mesmo para a causa principal, promovendo cuidado longitudinal a curto, médio e longo prazo com mudanças de hábitos para vida saudável, respeitando condições culturais e socioeconômicas.
Conclui-se que embora a nutrição não seja atividade específica da enfermagem, o enfermeiro deve atuar no território promovendo a identificação, prevenção da obesidade e na detecção condicionantes, atuando na promoção e prevenção da obesidade e suas complicações.