Apresentação
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), anualmente, há cerca de 1,4 milhões de mortes por complicações de hepatites virais. No Brasil, as hepatites virais são consideradas um problema de saúde pública, sendo as mais comuns no país as causadas pelos vírus A, B e C, além de que, muitos pacientes são assintomáticos, resultando em um desenvolvimento crônico da doença. O objetivo deste estudo é fazer uma análise do número de casos de hepatite viral na região Sul do país, destacando o estado do Rio Grande do Sul (RS), além de relacionar com desastres naturais, tais como as enchentes, e, por conseguinte, quais as providências necessárias para evitar o recrudescimento dos casos de contaminação pelos vírus da hepatite.
Desenvolvimento
Trata-se de um estudo descritivo, com base nos dados fornecidos pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS) e pelo Ministério da Saúde, comparando o número de internações e de óbitos por hepatites virais nos anos de 2014 a 2024 nos estados da região Sul do país, além do número de casos confirmados de 2010 até 2020, pelo SINAN.
Resultados
Segundo as informações fornecidas pelo DATASUS, ao longo dos últimos 10 anos (2014 a 2024), a taxa de mortalidade por hepatites virais na Região Sul é de 5,91%, enquanto a do RS é de 7,74%, aproximadamente 31% maior que a média regional. Quanto às internações, o estado registrou 3061, que representa cerca de 49% das internações da região (6426) e , quanto aos óbitos, registrou-se 237, o qual corresponde a 64% dos valores regionais (369). Além disso, analisando os dados sobre o número de casos confirmados, entre os anos de 2010 a 2020, observa-se que o RS contempla a maioria dos casos (50,05%) em toda a região Sul. Ademais, o número de casos notificados, nesse mesmo período, de hepatites virais transmitidas por alimento/água no RS (991) é equivalente a 62,44% dos casos em toda a região (1587). Dessa forma, percebe-se que os índices de mortalidade, de hospitalização e os casos confirmados de hepatites virais no RS se sobressaem em relação aos outros estados sulistas nos últimos anos.
Conclusão
Por fim, conclui-se que o Rio Grande do Sul, dentre os estados sulistas, possui um histórico expressivo de contaminação por hepatites virais. Considerando esse fator, devido às chuvas intensas que ocorrem no estado e ao número de cidades afetadas pelas inundações no ano de 2024, espera-se que os casos de hepatites virais, principalmente a hepatite A, aumentem em sequência à tragédia. Portanto, é imprescindível a atuação dos órgãos de saúde na atualização do calendário vacinal dos indivíduos em situações de risco, na orientação quanto à higienização pessoal e alimentar, bem como quanto à importância de evitar ao máximo o contato com a água da enchente.