Violência de gênero: como a disparidade das notificações de violência sugere que há ainda um longo caminho a percorrer

  • Author
  • Giovana Fantoni Guimarães Castro
  • Co-authors
  • Isadora Pontello de Assis Maciel , Izabella Vitória Pereira Neves
  • Abstract
  • Apresentação

    A violência de gênero ocorre, ao longo da história mundial, principalmente em países em que a cultura patriarcal é predominante. A partir do surgimento do movimento feminista no século XIX e a busca pelos direitos da mulher, a temática se tornou mais evidente e as intervenções para mitigar o problema têm se intensificado. Considerando o contexto brasileiro de violência contra a mulher, esse trabalho tem como objetivo comparar os índices de violências contra homens e contra mulheres em um período de 10 anos no Brasil, a fim de observar possíveis avanços ou retrocessos dessa realidade.

    Desenvolvimento 

    Trata-se de um estudo descritivo, com base nos dados fornecidos pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS), de 2012 a 2022, com vistas a comparar a diferença entre os índices de violência contra os sexos, separadamente. Assim, foram coletados os dados de diversos tipos de violência, associadas ou não ao vínculo social do indivíduo e, a partir disso, foram observadas as divergências entre as porcentagens de homens e de mulheres afetadas nesse contexto.

    Resultados

    Segundo as informações fornecidas pelo DATASUS, de 408.468 casos de violência sexual notificados nos últimos 10 anos, 88,35% são contra mulheres, número 7,6 vezes maior do que os casos contra homens. Além disso, outras formas de violência também possuem porcentagens superiores de notificações nas quais as vítimas são mulheres, tais como violência psico/social (84,15% dos casos notificados), violência física (71,6%), violência por tortura (78,53%), violência de repetição (79,42%) e violência financeira (82,48%). Ademais, avaliando casos de violência que envolvem o ciclo social do indivíduo, tais violações têm maior chance de serem executadas contra a mulher. Quando executados por ex- cônjuges, 161.736 (93,25%) dos casos são reportados por mulheres em um total de 173.438 de casos, quando por cônjuges, 397.918 (90,70%) dos casos são reportados por mulheres em 438.699, quando por patrões, 4.615 (71,68%) dos casos em 6.438, e quando por amigos/conhecidos, 223.738 (68,24%) em 327.848. A partir da observação dos dados coletados durante este estudo, percebe-se que o número de mulheres violentadas ultrapassa o dobro, em todos os casos de violência notificados pela pesquisa, quando comparado ao número de homens violentados.

    Considerações finais

    Por fim, conclui-se que a violência contra a mulher perpassa por expressivos indicadores, os quais reafirmam a instituição patriarcal dessas agressões no contexto brasileiro, bem como inferem que muito ainda precisa ser feito para combater essa realidade. Desse modo, é fundamental que os direitos das mulheres sejam assegurados em qualquer instância e, para isso, é importante fortalecer os meios e os canais de denúncia, resguardando a integridade da mulher, consolidar, sobretudo, os espaços de acolhimento das vítimas e, no âmbito da justiça, aperfeiçoar e fiscalizar a execução das penalidades aos agressores.

  • Keywords
  • Mulher, Violência, Brasil
  • Subject Area
  • EIXO 7 – Rotas Críticas - Narrativas de Violência Contra a Mulher
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