A estiagem representa uma realidade difícil e inevitável para as comunidades ribeirinhas no interior do Amazonas. Essa problemática demanda estratégias específicas para cada território onde as Equipe de Saúde da Família Ribeirinha- ESFR operam. O município de Tefé, interior do estado, foi um dos mais impactados pela seca extrema ocorrida em 2023. Atualmente, com cinco ESFRs em operação, foi possível garantir o acesso aos serviços de saúde para a população ribeirinha durante esse período. A ESFR 14, vinculada à Unidade Básica de Saúde Irmã Adonai, atua no território do Lago de Tefé, Costa e Ilha do Tarará, compreendendo um total de 16 comunidades e flutuantes, com aproximadamente 2.200 indivíduos cadastrados. Composta por uma equipe multidisciplinar, a ESFR 14 realiza visitas mensais para oferecer os serviços da Atenção Básica, incluindo atendimento médico, de enfermagem, fisioterapia, odontológico, imunização, testagem rápida e distribuição de medicamentos, além do acompanhamento dos programas de saúde. Com a chegada da estiagem, a equipe enfrenta desafios de deslocamento até as comunidades, enfrentando viagens mais longas, desgaste físico provocado pelo intenso calor e pelas caminhadas necessárias, assim como um aumento na demanda por atendimento devido aos problemas de saúde que acompanham esse período de seca. Esses desafios destacam a importância da perseverança da equipe em levar serviços de saúde a essa população vulnerável. Durante o período de setembro a dezembro de 2023, a ESFR 14 prestou atendimento a 10 comunidades ribeirinhas, sendo elas: Santa Clara, Santa Cruz, Santa Maria do Glória, Vila Nova, São Pedro, Vila Valente, Porto Vale, Missão, Vila Vale e Vila Bastos. Ao total, foram realizados 2.878 atendimentos. Destes, 1.043 foram atendimentos de enfermagem, 504 de fisioterapia, 653 consultas médicas e 710 atendimentos odontológicos. Foram distribuidos kits emergenciais, que permitiu que os ACS atendessem às demandas emergenciais de saúde nas comunidades isoladas, mesmo diante das dificuldades de acesso enfrentadas pela equipe de saúde. Os materiais contidos nos kits, como hipoclorito, materiais de curativo e medicamentos básicos, possibilitaram a prestação de primeiros socorros e o controle de infecções, contribuindo para a mitigação dos impactos da estiagem na saúde da população ribeirinha. Além disso, a disponibilização de medicamentos de uso contínuo para hipertensos, diabéticos e gestantes assegurou a manutenção do tratamento dessas condições de saúde, mesmo em contextos de isolamento e dificuldades de acesso aos serviços de saúde. Portanto, os resultados com a oferta dos kits emergenciais aos ACS foi eficaz na garantia da continuidade do cuidado em saúde dos usuários das comunidades ribeirinhas durante o período de estiagem, monstrando a importância de estratégias adaptadas às condições específicas dessa população. O ano de 2023 trouxe uma estiagem de uma severidade incomum para as comunidades ribeirinhas do Amazonas, que, embora estejam acostumadas com esse fenômeno anual, foram impactadas significativamente, com consequências diretas para uma população que depende do rio como fonte de subsistência, transporte e distribuição de alimentos e produtos. Apesar das dificuldades enfrentadas pela Atenção Básica do município de Tefé, o cuidado com a saúde tornou-se prioridade diante da dificuldade dessas comunidades em acessar os serviços de saúde.