Apresentação:
Os empecilhos ao tratamento odontopediátrico podem ser agravados por problemas de manejo dos cirurgiões-dentistas e abordagens humanizadas, que podem contribuir para o absenteísmo ou dificuldades do acesso às consultas odontológicas de crianças nas Unidades de Saúde da Família (USF).
O projeto “Mutirãozinho do Aviso” tem como objetivo orientar, tratar os dentes decíduos e selar e molares permanentes no intuito de reduzir as perdas dentárias precoces, controlar meio bucal e restaurar lesões de cárie em crianças.
Desenvolvimento:
O projeto “Mutirãozinho do Aviso” foi idealizado por cirurgiãs-dentistas do provimento do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação (ICEPI) em um município da Região Norte do Espírito Santo e traz a experiência de agendamento para um 1º momento lúdico e festivo da USF, para recepção e atendimento odontológico de crianças, que foram recebidas pela equipe de saúde bucal da USF em ambiente aconchegante para consultas e avaliações bucais, prevenção e promoção. Algumas crianças iniciaram tratamentos odontológicos urgentes na mesma sessão, seguidos de agendamentos de consulta para todos. Os agentes comunitários (ACS) foram envolvidos com os avisos, convites familiares e agendamento das crianças nos territórios.
No 2º momento, para continuidade dos tratamentos, as crianças agendadas para procedimentos odontológicos foram divididas em 3 grupos, por faixas etárias, para atendimentos em um dia da semana, por mês. O grupo de crianças de 1 a 4 anos na quarta-feira, de 5 a 9, na quinta-feira e, de 10 a 14, na sexta-feira. Foram reservadas 20 vagas para cada grupo. Os ACS realizam o agendamento por aplicativo eletrônico junto às famílias e as urgências são garantidas, a qualquer momento.
Resultados:
No 1º momento do “Mutirãozinho do Aviso”, foram atendidas 41 crianças, sendo 5, 22 e 14 crianças nas faixas etárias de 1 a 4 anos, 5 a 9 anos e 10 a 14 anos, respectivamente.
As consultas de retorno e conclusão de tratamento foram 19, 66 e 41 crianças nas faixas etárias de 1 a 4 anos, 5 a 9 anos e 10 a 14 anos, respectivamente, totalizando 126 tratamentos concluídos, no período observado de 6 meses.
A maior demanda foi as crianças de 6 a 9 anos, pois apresentam maior risco de cárie e perdas dentárias precoces e se encontram na fase de dentição mista.
O número de novos casos de odontopediatria na USF foi crescente, pois as crianças que não participaram do 1º momento se sentiram encorajadas para consultas, devido à ludicidade do ambiente odontológico e à abordagem familiar e avisos dos ACS.
O ambiente acolhedor, descontraído e empático na USF pôde atender melhor o público infantil e facilitar o relacionamento criança-dentista, projetando impactos significativos no bem-estar emocional das crianças, evitando experiências negativas que podem levar ao desinteresse pelos cuidados com a saúde bucal. Incrementou o acesso, adesão e inclusão de crianças nas consultas odontológicas, cuidados preventivos da cárie e hierarquização de prioridades odontológicas.
Considerações finais:
Considera-se que avisos de consultas, agendamentos e ambientação descontraída para acolhimento em saúde bucal, podem melhorar o acesso de crianças e pode ser replicada em variadas unidades de saúde.