A Educação Permanente em Saúde (EPS) tornou-se a principal estratégia do Sistema Único de Saúde para formar e desenvolver profissionais da saúde, promovendo mudanças nas práticas de gestão e atenção. Isso envolve não apenas adquirir novos conhecimentos, mas também questionar e transformar práticas existentes no contexto real de trabalho de cada equipe. O objetivo deste estudo foi compreender a apropriação das ações de EPS por profissionais de Equipes de Saúde Bucal (eSB) da Atenção Primária à Saúde (APS). Foi realizado um estudo quantitativo com profissionais de eSB atuantes no município de Vitória, Espírito Santo, para isso foi utilizado um questionário autoaplicado entre novembro de 2019 e março de 2020, presencialmente, e entre agosto de 2020 e janeiro de 2021, de forma remota. Participaram do estudo 46 cirurgiões-dentistas, 18 Técnicos em Saúde Bucal e 45 Auxiliares em Saúde Bucal, com pelo menos dois anos de experiência na APS do município. Foram excluídos os profissionais em licença ou férias durante o período da pesquisa. A pesquisa recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca- ENSP/FIOCRUZ (parecer n° 2.464.885/2018) e foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES) (processo n°83170561/2018). Os resultados revelaram que a maioria dos participantes da pesquisa entendia a EPS como capacitação (n=92; 84,4%) e já havia participado de ações de EPS (n=97; 92,4%), como treinamentos e/ou eventos (n=84; 83,2%), rodas de conversa (n=79; 77,5%) e cursos de especialização e/ou capacitação (n=69; 69%). A maior parte dos profissionais avaliou positivamente sua participação nessas ações (n=70; 65,4%) e destacou que o tema mais abordado nelas foi “APS” (n=88; 82,2%). As atividades foram realizadas principalmente na ETSUS (n=74; 74,5%) e nas Unidades de Saúde (n=64; 61%). Ao final das atividades, muitos participantes desenvolveram produtos como portfólios ou planos de intervenção (n=59; 63,4%) para aplicação no cotidiano do serviço. Os resultados indicam que os profissionais de saúde bucal veem a EPS principalmente como participação em cursos de capacitação. Isso é evidenciado pelo alto índice de respostas sobre participação em diversas atividades de EPS, como treinamentos, eventos e cursos de especialização, além da avaliação positiva dessas ações pelos participantes. A ênfase na temática “APS” sugere uma estreita relação entre a EPS e a qualidade dos serviços oferecidos nesse contexto, especialmente considerando a realização dessas ações em ambientes propícios ao desenvolvimento profissional (UBS e ETSUS). A criação de produtos práticos ao final das atividades, como portfólios e planos de intervenção, destaca a aplicabilidade direta das ações de EPS, permitindo que os profissionais incorporem o aprendizado em sua prática diária, evidenciando uma abordagem que vai além do conhecimento teórico, podendo impactar efetivamente na prática clínica e na gestão dos serviços de saúde bucal no Sistema Único de Saúde.
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