A SIMULAÇÃO COMO RECURSO EDUCACIONAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE: relato de experiência

  • Author
  • Mara Dayanne Alves Ribeiro
  • Co-authors
  • Francisco José Maia Pinto
  • Abstract
  • INTRODUÇÃO

    A simulação é uma metodologia ativa, muito utilizada no ensino da saúde, pois amplia o foco dos estudantes, por meio da experimentação em um ambiente realista, de forma controlada e segura. Deste modo, lhes permite desenvolver e testar conhecimentos práticos, além de aperfeiçoar a própria técnica em determinada área, com o desenvolvimento de habilidades como, a capacidade de gerenciar um atendimento e de tomar decisões.

    O Ensino Baseado em Simulação (EBS) utiliza-se de ambientes e diretrizes assistenciais que oportunizam a formação de profissionais protagonistas em sua aprendizagem, e consequentemente, desperta sua autonomia para a identificação e a resolução de problemas específicos na área, incluindo os conhecimentos já adquiridos, ao longo dos anos estudados.

    Percebe-se a dificuldade dos alunos dos cursos da área da saúde em elaborar de protocolos de atendimento com base nos achados semiológicos e semiotécnicos, bem como, determinar diagnósticos e prognósticos, a partir dos conhecimentos adquiridos. Nesse contexto, o EBS caracteriza-se como uma ferramenta mediadora para o processo de ensino-aprendizagem, onde o docente, como facilitador da aprendizagem, pode trabalhar, por meio da observação da realidade, com foco  nas necessidades do aluno e  estimulá-lo ao raciocínio crítico.

    Assim, diante  das necessidades contemporâneas para a modernização da sala de aula, e, a fim de facilitar o processo de ensino e aprendizagem na saúde, o objetivo desse trabalho foi relatar a experiência sobre o uso do EBS, em um curso de graduação, na área da saúde, em uma instituição do interior do Ceará.

     

    DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

     Trata-se de um relato de experiência sobre o uso do EBS,  em uma atividade desenvolvida com alunos do 7° semestre de um curso de Fisioterapia, em uma faculdade do interior do Ceará. A experiência aconteceu ao final da disciplina de Fisioterapia Pneumofuncional, quando os alunos já haviam estudado as principais patologias do sistema respiratório, os métodos de avaliação fisioterapêuticos, bem como, treinado as técnicas e instrumentos utilizados na área. A turma foi informada sobre os procedimentos da atividade a ser desenvolvida e recebeu, previamente, material didático sobre os assuntos a serem abordados.

    Inicialmente, a turma permaneceu em uma sala sob a  supervisão docente, enquanto, individualmente, os alunos eram encaminhados aos consultórios de atendimento para fazerem o diagnóstico da doença em um  paciente simulado, que lá se encontrava. Este  paciente foi previamente orientado pela professora da disciplina, a informar sobre as queixas de sua saúde, bem como, o  comportamento que deveria ter. Os alunos encontravam no consultório instrumentos de avaliação, além  de  exames laboratoriais e de imagem, apresentados pelo paciente. Nesse ambiente, o aluno deveria colher a história natural da doença, realizar avaliação fisioterapêutica e definir diagnóstico cinético-funcional, associando-o a uma das patologias estudadas previamente. Logo após, o aluno era encaminhado, também individualmente, a outra sala, isolada dos demais colegas e silenciosa, onde deveria traçar um protocolo de atendimento para o paciente avaliado na sala anterior. Em seguida, a professora entrava em sala para discutir com o estudante seus achados e sua sugestão de atendimento, com feedback tanto da professora com relação ao desempenho do aluno, como do aluno ao ser submetido a essa atividade. É importante destacar que toda a atividade aconteceu sob supervisão de um professor, que não interferiu no processo de tomada de decisão do acadêmico durante todo o procedimento.

     

    Nas duas situações o tempo foi cronometrado e os alunos tiveram 30 minutos na primeira sala e 20 minutos no segundo momento; ao final, deveria registrar sua avaliação e proposta de terapia em documento próprio, elaborado pela professora da disciplina. Destaca-se ainda, que o feedback recebido pelos alunos incluía a avaliação da sua postura profissional adotada, durante o atendimento, bem como,  a vestimenta e uso de linguagem adequadas, além do estímulo, para que desenvolvesse habilidades comportamentais, essenciais ao bom profissional de fisioterapia.

     

    RESULTADOS

    Todos os alunos passaram pela experiência e apresentaram  empolgação ao conseguir definir diagnósticos e ao traçar condutas assertivas, pois previamente haviam referido grande dificuldade com o tema tratado. Segundo relatos dos discentes, com essa atividade foi possível concretizar o que eles liam, e estudavam de forma mais efetiva, e que o conteúdo passou a ganhar “conexão” para eles, inclusive, conectando-se a discussões tidas em outras disciplinas do curso. Ainda, os alunos referiram maior envolvimento com o tema discutido e com a disciplina, como um todo, pois, esta tinha sido permeada por casos clínicos e com discussão em sala de aula. Isto, possibilitou a identificação e a aplicação das técnicas e dos instrumentos utilizados em cada encontro, e, consequentemente, proporcionou um melhor entendimento teórico-prático dos conteúdos estudados. Por fim, foi possível observar um maior envolvimento dos alunos na disciplina, o que refletiu em melhor desempenho nas avaliações da disciplina. Desta forma, o presente trabalho corrobora com a literatura e demonstra ser possível a discussão aplicada e dinamizada de temas específicos, dentro do ensino na saúde, com melhor custo-benefício entre aprendizagem e otimização do tempo empregado.

    Apesar das dificuldades inerentes à aplicação do método, por requerer dedicação dos alunos em resolver a situação-problema apresentada, o processo teórico-prático aplicado foi viável.  Segundo relatos dos próprios discentes, foi possível discutir e receber feedback do  raciocínio clínico utilizado na  investigação de sinais e sintomas, a partir  da elaboração das  estratégias de reabilitação, dentro da área estudada. Ademais, a metodologia utilizada contribuiu de forma indireta para que os discentes colocassem em prática sua responsabilidade com o processo de aprendizagem, e não ficassem na dependência apenas do repasse automático de conteúdo, pelo professor, em sala de aula.

     

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

     

    A utilização do EBS na disciplina proporcionou a assimilação dos conteúdos ministrados, apresentando-se como método inovador e  de baixo custo, constatando-se que sua aplicabilidade estimula e facilita a aprendizagem dos discentes. A proposta da metodologia se efetivou com  a conclusão do exercício realizado pelos estudantes, os quais apresentaram entusiasmo durante toda a atividade. Assim, pressupõe-se que a experiência vivida pelos alunos constitui uma possibilidade efetiva e eficaz de aplicação em sala de aula, inclusive, em outras disciplinas e cursos, com  potencial favorável ao desempenho na aprendizagem dos estudantes. Ou seja, acredita-se ser necessário que os alunos se tornem construtores de seu próprio aprendizado e, para isso, devem se tornar parceiros da interação pedagógica, em torno das necessidades reais encontradas na sala de aula. 

  • Keywords
  • Simulação; Ensino-aprendizagem; Metodologias Ativas.
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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