Apresentação: A Vigilância Sanitária (VISA) é um espaço institucional com raízes históricas, integrando a Saúde Coletiva como campo de conhecimento e prática. Desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), a VISA foi reconhecida como uma política de saúde, com suas ações sendo incorporadas as competências do SUS. A VISA é definida como um conjunto de ações destinadas a eliminar, reduzir ou prevenir riscos à saúde, além de intervir em problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens, e da prestação de serviços de interesse da saúde. Isso inclui o controle de bens de consumo em todas as suas etapas e processos, desde a produção até o consumo, bem como o controle da prestação de serviços que afetam direta ou indiretamente a saúde. Diante da diversidade de saberes necessários para a execução das ações de vigilância, a inserção do farmacêutico é fundamental, tendo em vista que este profissional possui áreas privativas para fiscalização, que em consonância com a legislação vigente, foram recentemente definidas como de alto grau de risco sanitário, pela RDC nº 418/2020. Este trabalho visa relacionar as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do Curso de Farmácia e a atuação profissional, a fim de avaliar se elas preparam adequadamente os farmacêuticos para as competências exigidas na VISA. Desenvolvimento: Trata-se de uma revisão qualitativa, para a qual foram utilizados como documentos norteadores as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia de 2017 e o Guia “O Farmacêutico na Vigilância Sanitária”, documento elaborado pelo Conselho Federal de Farmácia no ano de 2022. Os descritores utilizados foram: farmacêutico, vigilância em saúde e vigilância sanitária. A busca foi realizada nas bibliotecas virtuais Scielo e Google Scholar. Resultados: As DCN do Curso de Farmácia estão organizadas em três eixos: “Cuidado em Saúde”, “Tecnologia e Inovação em Saúde”, e “Gestão em Saúde”. Dentre eles, o eixo Tecnologia e Inovação em Saúde é o único que destaca a necessidade de formação acadêmica voltada para fiscalização e gestão, visando garantir a qualidade de tecnologias, processos e serviços na área da saúde. Embora a VISA seja uma área de atuação farmacêutica, sendo privativa em alguns casos, este tema é pouco abordado nas disciplinas do curso de Farmácia, assim como suas implicações na qualidade dos produtos e serviços farmacêuticos e na atuação do farmacêutico na Vigilância em Saúde. Considerações finais: As produções científicas sobre a atuação do farmacêutico nas ações de VISA são escassas, resultando em pouca visibilidade para este profissional. Além disso, a formação dos profissionais de vigilância frequentemente ocorre de maneira empírica, descontínua e assistemática. Cabe às instituições formadoras, refletir sobre seus currículos, considerando as alterações necessárias para contribuir com a formação acadêmica que abarque as atribuições desafiadoras e complexas do cotidiano do farmacêutico.