Apresentação/Objetivo: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), denominam-se adolescentes indivíduos com idade entre 10 e 19 anos de idade e jovens, aqueles entre 15 e 24 anos. Este período é reconhecido por ser uma fase de desenvolvimento do indivíduo, influenciado por fatores sociais, psicológicos e fisiológicos. Ainda, é um período de novas experiências e experimentações em que a utilização de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (cigarros eletrônicos) podem fazer parte desse contexto. Segundo dados estatísticos de uma pesquisa desenvolvida pela Universidade de Pelotas/Rio Grande do Sul/Brasil, um a cada cinco jovens brasileiros consome Dispositivos Eletrônicos para Fumar. Nesse sentido, por ser uma fase de desenvolvimento com alterações no sistema fisiológico dos adolescentes/jovens, o uso de cigarros eletrônicos pode produzir diversos malefícios para o sistema cardiovascular, resultantes do aumento da ativação plaquetária, disfunção endotelial, estresse oxidativo, alterações agudas da Pressão Arterial (PA), Frequência Cardíaca (FC) e estimulação simpática. Além disso, podem afetar o desenvolvimento cerebral e causar distúrbios de aprendizagem em jovens. Ademais, foram identificadas substâncias cardiotóxicas e carcinogênicas nos vapores dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar e seu uso tem sido uma porta de entrada para o tabagismo convencional. Quando usado por adolescentes, as preocupações são ainda maiores, já que os efeitos são cumulativos. Destarte, as práticas de educação em saúde possuem o encargo de instigar a mudança de comportamento em relação ao cuidado à saúde dessa população, viabilizando a ampliação de conhecimentos, por meio do debate entre educadores, estudantes e profissionais da saúde. Nesse contexto, o ambiente escolar se torna um espaço propício para práticas de educação em saúde, já que possibilita a ampliação de informações, compartilhamento de experiências e oferta aos adolescentes a autonomia de escolha em usar ou não os Dispositivos Eletrônicos para Fumar. Tais dispositivos são aparelhos contendo uma bateria, responsável por aquecer um líquido, gerando uma fumaça que é inalada pelo usuário. Inventado na China e atualmente sendo utilizado por indivíduos do mundo inteiro, os Dispositivos Eletrônicos para Fumar possuem sabores, cores e modelos diversos, atraindo principalmente o público jovem para o consumo. Sua comercialização tinha por objetivo inicial a diminuição do uso do cigarro convencional, processado por meio do tabaco, porém esse propósito não teve o desfecho esperado, levando as pessoas que o utilizavam à dependência, além de acarretar muitos outros problemas de saúde, especialmente no sistema respiratório, o que ocasionou na proibição da venda e propaganda do instrumento em muitos países, inclusive no Brasil. Apesar disso, muitas fábricas clandestinas e importações ilegais dos aparelhos proporcionam o acesso a esses dispositivos, impulsionando jovens e adolescentes a adquirirem o produto, sendo influenciados por alguns criadores de conteúdo das mídias sociais ao uso. Muitos fornecedores não rotulam o Dispositivo Eletrônico para Fumar e não apontam as substâncias presentes no produto, o que dificulta o acesso à informação sobre os malefícios que a sua inalação produz. Devido a esse cenário, a Direção de escolas contatou a Universidade e alguns acadêmicos do Curso de Graduação em Enfermagem realizaram falas nas escolas para estudantes adolescentes e/ou jovens sobre os Dispositivos Eletrônicos para Fumar e seus prejuízos à saúde e impactos no organismo humano. Sendo assim, o presente resumo objetiva relatar a experiência de estudantes de graduação em enfermagem no desenvolvimento de atividades de educação em saúde junto a adolescentes escolares vinculados a instituições de educação sobre a utilização de Dispositivos Eletrônicos para Fumar. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência de vivências extensionistas de estudantes de enfermagem vinculados ao Programa de Educação Tutorial (PET) Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria/Campus de Palmeira das Missões (UFSM/PM). As atividades ocorreram no primeiro semestre de 2024, em duas escolas estaduais de ensino público, localizadas em um município de médio porte da região noroeste do Rio Grande do Sul/Brasil. As ações extensionistas, com foco na educação em saúde, foram desenvolvidas em dois encontros, em datas previamente agendadas com cada escola. O primeiro, foi dividido em três momentos: o primeiro com turmas do 9° ano do ensino fundamental e 1° ano do ensino médio; no segundo momento as turmas do 2° e 3°ano do ensino médio; e no terceiro momento as turmas do 1°, 2° e 3° ano do ensino médio e cursos técnicos, totalizando aproximadamente 820 adolescentes e jovens. No segundo encontro, também foi dividido em dois momentos: o primeiro com alunos do 9° ano do ensino fundamental e 1° ano do ensino médio; no segundo momento, participaram as turmas do 2° e 3°ano do ensino médio e curso normal, totalizando aproximadamente 220 adolescentes. Foram abordados assuntos referentes ao tema “O Uso de Dispositivos Eletrônicos para Fumar”, por meio de uma apresentação em PowerPoint® com tópicos a serem discutidos e vídeos com relatos de influenciadores digitais que tiveram doenças decorrentes do uso desses dispositivos. No final, com o intuito de retomar os assuntos trabalhados durante a fala dos acadêmicos e gerar interação com escolares, foi feita a atividade de mito e verdade com perguntas mais frequentes sobre o assunto. Resultados: Durante a realização das atividades, os adolescentes escolares mostraram-se participativos e interessados, interagindo com os acadêmicos extensionistas quando solicitados. A fala dos mesmos contribuiu para fortalecer os conhecimentos sobre a temática das comunidades escolares envolvidas, integrando professores, alunos e profissionais de setores administrativos, com discussões sobre as consequências em curto e longo prazo acerca da utilização dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar. Ainda, alertá-los sobre os malefícios causados ao organismo, com consequências significativas a órgãos e tecidos. Nesse cenário, o Programa de Educação Tutorial assume papel importante já que um dos seus propósitos é intervir junto à comunidade. Ainda, o referido programa visa “contribuir para a elevação da qualidade da formação acadêmica dos alunos de graduação e estimular a formação de profissionais e docentes de elevada qualificação técnica, científica, tecnológica e acadêmica”. Portanto, ações dessa natureza também colaboram na formação acadêmica dos estudantes, com vistas a reforças a sua implicação com a comunidade onde estão inseridos. Ademais, a experiência contribuiu para o aprendizado, melhora na comunicação, compromisso e formação dos graduandos, responsáveis em ministrar a fala sobre o tema. Também instrumentalizar os estudantes para se tornarem profissionais enfermeiros críticos e preparados para realizarem atividades de prevenção e promoção à saúde junto à população. Considerações finais: As atividades de educação em saúde desenvolvidas nas escolas são essenciais para a discussão e reflexão de temas que fazem parte do cotidiano de adolescentes, entre essas temáticas destaca-se a prevenção do consumo de dispositivos eletrônicos para fumar. Nota-se a importância e necessidade da abordagem desse tema com essa população visto que muitos jovens acabam fazendo o uso desses Dispositivos Eletrônicos para Fumar sem conhecer seus efeitos maléficos para a saúde. Além disso, a participação dos adolescentes mostrou interesse perante a temática, bem como o compartilhamento de comentários positivos dos participantes. Portanto, é indispensável ressaltar que a educação em saúde sobre o assunto é uma ferramenta positiva para conscientizar o público-alvo e alertá-los sobre as consequências decorrentes da utilização de aparelhos para fumar.