A multimorbidade, é a presença de duas ou mais morbidades em um mesmo indivíduo, e somente a partir dos anos 90 passou a despertar maior interesse na comunidade científica. Estimativas em relação à prevalência de multimorbidade variam entre 13 e 66%) e tem colocado essa condição como um dos principais desafios para os sistemas de saúde1. Dados reportados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, em 2010, 808 milhões de pessoas (11,7% da população mundial) incorreram em gastos com saúde que excederam 10% do orçamento familiar e, para 179 milhões de pessoas (2,6% da população mundial), os gastos correspondentes excederam o limite de 25% do orçamento familiar2.
No Brasil, entre 2007 e 2015, 25,6% da população incorreu em gastos com saúde superiores a 10% do total das despesas ou rendas domiciliares3. A multimorbidade não se apresenta como uma exclusividade de pacientes de faixas etárias mais avançadas apesar desse estrato ter maior acometimento, está associada com maior mortalidade, capacidade funcional reduzida, aumento da demanda por cuidados em saúde e maiores custos3.
Tendo em vista a necessidade de buscar novos caminhos para corroborr no combate e auxilio no tratamento de pacientes com cancer e outras comorbidades, o presente trabalho realizou um estudo de caso com um paciente do sexo masculino com 80 anos de idade, praticante de exercícios físicos regulares, que possui várias patologias clinicas, dentre elas um câncer no reto, na qual foi tratado com quimioterapia e radioterapia. Durante seu tratamento, foi avaliado no paciente sua capacidade funcional autônoma, através do protocolo do Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano para a Maturidade GDLAM, de avaliação de autonomia funcional. Após avaliar o paciente durante seis meses, nos períodos pré tratamento, durante e pós tratamento, pode-se observar que o avaliado não teve perdas nas funções autônomas diárias, e na maioria das atividades propostas houve uma melhora na sua performance.
De acordo com os resultados encontrados nesta pesquisa, mostram que a prática continuada dos exercícios físicos durante todo o período pré, durante e pós tratamento do câncer no reto, colaboraram para manter ou até melhorar seu desempenho nas atividades sugeridas. Sendo assim, o sujeito avaliado pode ter sua rotina diária preservada. Não havendo perda de mobilidade, necessidade para realizações de atividades diárias, como caminhar sem auxilio, fazer suas refeições, higiene pessoal ou qualquer outra tarefa que demandasse algum auxílio. Tais aspectos, podem parecer irrelevante, porem quando existe a diminuição ou a perda parcial, geralmente isto desencadeia uma serie de outros problemas, aumento nos custos do tratamento, surgimento de doenças oportunistas como depressão entre outras. Todavia, é preciso avaliar cada caso para que se possa traçar a melhor estratégia e estabelecer os parâmetros necessários para a prescrição ou não dos exercícios nessa fase ou no pós tratamento.
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