Apresentação: a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) do ano de 2017 evidencia a importância da integração ensino-serviço-comunidade, em que são criados espaços de formação em saúde, integrando acadêmicos(as), pós-graduandos(as) e residentes no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Esta integração potencializa a inserção dos(as) profissionais em formação à realidade dos usuários destes serviços, instigando o desenvolvimento de um raciocínio e domínio clínico que corresponda às necessidades da população atendida pelo SUS, como também, escolham por utilizar os recursos disponibilizados pelo mesmo em ações. O domínio clínico para ser coerente às demandas do atendido deve englobar para além de suas queixas, a realidade que ele pertence, condições socioeconômicas, de moradia e rede de apoio que possui, e ainda deve considerar os recursos disponibilizados pela instituição, determinando qual a melhor conduta para utilização de insumos e uma prescrição coerente. Este trabalho têm como principal objetivo identificar as particularidades que os(as) profissionais atuantes na Atenção Primária à Saúde (APS) devem apresentar frente ao cenário que atuam, e como a falta de domínio clínico impacta na saúde da população atendida. Desenvolvimento: trata-se de uma reflexão descritiva realizada com o intuito de evidenciar como a conduta prática sem domínio clínico apropriado a realidade da APS acarreta em impactos negativos à resolutividade do serviço, ao seguimento correto das orientações, como também a insegurança em saúde fletida para população atendida, que, ao não encontrarem uma escuta qualificada nem a resolução de suas queixas, desacreditam do funcionamento do sistema de saúde pública adotado em nosso país. Resultados: um(a) profissional com domínio clínico para APS possui características e habilidade particulares quando comparado aos atuantes de outra assistência, entre elas estão: competência técnica e científica, com conhecimento sobre a medicina geral e da família, sobre as diretrizes e práticas em saúde, habilidade de comunicação e criação de vínculo, com o usuário e a equipe de saúde, capacidade de tomar decisões baseadas em evidências, conhecimento da realidade de seu território, empatia e sensibilidade cultural, capacidade de trabalhar na equipe multidisciplinar e ainda, resiliência ao lidar com situações de estresse. Contudo, ao adentrar os serviços de saúde na APS, não é este perfil operacional encontrado, vê-se profissionais formados e em formação que não conhecem a realidade do seu território, não se integram à equipe multidisciplinar, seguem uma organização vertical do trabalho (chefe-subordinado), não estão a par das diretrizes e práticas preconizadas na atenção à saúde da família e desconhecem os serviços e insumos ofertados pelo SUS. Considerações finais: com o exposto, percebe-se que o preconizado pela PNAB prescinde que a formação de profissionais da saúde não se distancie da realidade dos serviços, pois pode desqualificar o atendimento ofertado pela APS, já que percebeu-se lacunas desde a comunicação interprofissional, vínculo com a comunidade e resolutividade da assistência. Portanto, é imperativo que a formação de profissionais de saúde enfatize o desenvolvimento de habilidades condizentes com a atuação na APS e realidade do SUS, somente assim será possível alcançar uma atenção primária integral, eficiente e humanizada, que realmente atenda às demandas da população.