APRESENTAÇÃO: O envelhecimento populacional é um fenômeno global que se intensifica a cada década e que se manifesta também de forma pronunciada no contexto brasileiro. Tal mudança demográfica é visualizada pelo aumento da expectativa de vida, a qual é decorrente, por exemplo, da melhoria nas condições de vida, do avanço da medicina e da ampliação do acesso a serviços médicos, programas de vacinação e tratamentos mais eficazes para doenças anteriormente fatais. Diante disso, a percepção do imaginário social sobre essa fase da vida também está mudando, já que, nos dias de hoje, os idosos são mais ativos, independentes e engajados em suas comunidades, o que demonstra a importância crescente de entender e estudar as enfermidades mais prevalentes nessa faixa etária, entre as quais se destaca a Doença de Parkinson. O presente trabalho tem como objetivo explorar e refletir a importância do tratamento multidisciplinar da Doença de Parkinson, propiciando um impacto positivo na elucidação dos profissionais da saúde sobre a relevância da colaboração e do diálogo entre diferentes especialidades da área da saúde. Além disso, ao abordar as comorbidades psiquiátricas mais prevalentes nessas pessoas, haverá uma compreensão aprofundada das causas e dos desafios associados a esse contexto. As comorbidades psiquiátricas como depressão e ansiedade são comuns em indivíduos com DP e podem complicar o manejo da doença, exacerbar os sintomas e afetar negativamente a qualidade de vida e o bem-estar geral.
DESENVOLVIMENTO: A Doença de Parkinson (DP) é uma condição crônica e neurodegenerativa que afeta principalmente o sistema nervoso central, resultando em sintomas característicos. Essa patologia é causada pela degeneração progressiva dos neurônios produtores de dopamina na substância negra do cérebro. A prevalência dessa enfermidade aumenta significativamente com a idade, sendo, por isso, mais comum em indivíduos idosos. Durante algum tempo, a DP, foi considerada apenas uma doença que compromete os movimentos, o que propiciou, por muito tempo, poucas investigações sobre as manifestações não motoras desta enfermidade e esse fato é uma das possíveis explicações para a baixa integração das redes de cuidado no tratamento dessa patologia. Entre os sintomas característicos, destacam-se: comprometimentos físico (dificuldades de movimentos, alteração da marcha, déficit de equilíbrio, tremor em repouso, bradicinesia, instabilidade postural e rigidez articular), mental (depressão e ansiedade), social (alterações no humor, diminuição da autoestima, cansaço, fadiga) e cognitivo (dificuldade na fala, na comunicação e na memória e declínio intelectual). Desse modo, diante de todos esses sintomas que envolvem múltiplos aspectos da saúde de um indivíduo e sendo a DP, até o momento, incurável e degenerativa, o processo de intervenção é complexo e, em razão disso, além do tratamento farmacológico, deve-se também estimular o envolvimento de múltiplos profissionais, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, neurologistas, geriatras, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, entre outros. É válido destacar que os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais são importantes nesse contexto, visto que são responsáveis por realizar intervenções específicas que visam melhorar a mobilidade, o equilíbrio, a postura e a marcha e promovem estratégias de autogestão dos pacientes para se adaptarem à nova condição. Ademais, neurologistas e geriatras são bastante relevantes, pois os primeiros podem fazer o diagnóstico precoce da doença e estabelecem ajustes de medicamentos específicos para tal condição, enquanto os segundos, por abordarem de maneira holística a faixa etária composta por pessoas idosas, podem alertar sobre o comprometimento cognitivo e sobre o aumento da chance de haver quedas nesses pacientes. Além disso, visto que a depressão é uma das principais comorbidades psiquiátricas presentes nos pacientes com DP, haja vista que, muitas vezes, eles não aceitam a nova condição de perda progressiva da autonomia e de incerteza, os psicólogos são imprescindíveis nesse cenário, pois ajudam esses indivíduos a lidarem com os aspectos emocionais relacionados a essa enfermidade e a gerenciarem o estresse. Outrossim, pelo fato de a DP ser uma condição que afeta principalmente o sistema motor, comumente o controle motor fino, necessário para a coordenação precisa dos músculos da língua, dos lábios, das cordas vocais e da deglutição, é comprometido, resultando na necessidade imprescindível da atuação de fonoaudiólogos. Por fim, é imperioso a participação de nutricionistas, visto que esses profissionais podem recomendar alimentos com a consistência segura para pacientes com disfagia (dificuldade de deglutição), além de desenvolver um plano alimentar personalizado para evitar a perda de peso involuntária decorrente do aumento das necessidades energéticas associadas aos tremores e aos movimentos involuntários característicos da doença.
RESULTADOS ESPERADOS: Espera-se que este estudo contribua para a compreensão e valorização da abordagem multidisciplinar e integral no tratamento da doença de Parkinson. Ao enfatizar a importância da colaboração e comunicação entre profissionais de saúde de diferentes especialidades, espera-se promover uma prática mais coordenada e eficaz no cuidado aos pacientes. Além disso, ao destacar a relevância do conhecimento das comorbidades psiquiátricas, como a depressão, na gestão da doença de Parkinson, espera-se que os profissionais de saúde estejam mais aptos a reconhecer e tratar essas condições de forma eficaz, melhorando assim a qualidade de vida dos pacientes. Portanto, espera-se que este estudo não apenas aumente a conscientização sobre a importância do cuidado multidisciplinar, mas também forneça insights valiosos para o desenvolvimento de estratégias de manejo mais abrangentes e eficientes para pacientes com doença de Parkinson.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Portanto, conclui-se que para melhorar a eficiência no tratamento da Doença de Parkinson é imperativo estabelecer uma rede de cuidado multidisciplinares e integrados, abrangendo todas as necessidades dos pacientes, incluindo aspectos físicos, mentais, sociais, emocionais etc. Desse modo, a gestão eficaz do Sistema Único de Saúde (SUS) é crucial para assegurar tal cenário, sendo necessário o envolvimento de uma série de práticas e estruturas organizacionais que facilitem a coordenação entre diferentes níveis de atenção à saúde, promovendo a continuidade do cuidado desde a atenção básica até a especializada. Através de uma combinação entre atenção primária eficiente, especialização em níveis secundários e terciários, sistemas robustos de comunicação e capacitação dos profissionais e políticas públicas adequadas os resultados clínicos e a qualidade de vida das pessoas que possuem DP serão melhorados, promovendo não apenas o retardamento da progressão da doença através de um tratamento mais eficaz, mas também proporcionando uma maior qualidade de vida.