A promoção da saúde é vista como um horizonte de grande importância no contexto da saúde, exigindo o apoio de estratégias educacionais para fortalecer ações e práticas que favoreçam o bem-estar das comunidades. Com isso, compreende-se a educação em saúde como um caminho para fomentar a promoção da saúde, uma vez que pode impulsionar práticas emancipatórias de saúde e autonomia aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). O desenvolvimento de ações de promoção da saúde no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) se mostra como um importante caminho para estabelecimento de relações empáticas e operacionalização de ações que priorizem uma abordagem fundamentada nos determinantes sociais da saúde. Neste sentido, a presente experiência foi realizada em uma clínica da família localizada na região central do município do Rio de Janeiro, em maio de 2023, no âmbito da disciplina denominada “Programa Curricular Interdepartamental IV - Enfermagem nos Cuidados Básicos de Saúde”, da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ). Considerando a perspectiva freireana de educação emancipatória e dialógica, na qual "só há sujeitos em relação”, as acadêmicas orientaram sua abordagem para o grupo de Promoção à Saúde do Idoso, culminando na temática de Diabetes Mellitus sugerida pelos idosos e pelo profissional de Educação Física da unidade. Dessa forma, valeram-se de uma preparação prévia por meio da leitura de artigos, manuais e protocolos relacionados ao assunto, além da elaboração de folder informativo como material de apoio. Durante a realização da atividade, embora tivessem preparado uma explanação oral, foram convidadas a utilizar de metodologias ativas para facilitar o processo de ensino-aprendizagem. Dentre elas, destacam-se o diálogo em roda e a participação das acadêmicas nos exercícios físicos junto ao grupo. Por desenvolverem relação amistosa, como proposta dos próprios usuários foi realizada uma estação de avaliação dos pés através do teste de sensibilidade com os monofilamentos de Semmes-Weinstein. As acadêmicas se envolveram integralmente na proposta e observaram na avaliação dos pés um aspecto bastante invisibilizado no cuidado à saúde das pessoas que vivem com Diabetes Mellitus. Desde a reflexão sobre quais calçados podem ser utilizados, aspecto fundamental a ser pensado no trabalho junto a populações de diferentes estratos sócio-econômicos, até o toque e avaliação dos pés a fomentar uma relação de confiança entre profissionais e usuários, a atividade realizada pelo grupo favoreceu o estabelecimento de relações mais horizontais e interativas de cuidado. Desta forma, foi possível experimentar uma relação ético-política de empatia, “de se colocar no lugar do outro”, compreendendo trajetórias e biografias dos idosos que influenciam no autocuidado e em suas condições de saúde que influenciam na experiência de viver com Diabetes Mellitus. A vivência, assim, oportunizou produção de vínculo com forte engajamento entre todos os sujeitos envolvidos, fortalecendo as ações da APS sob o ponto de vista humanístico e equitativo, trazendo-os como elementos fundamentais para a promoção da saúde.