A vigilância em saúde pode ser utilizada não somente como uma ferramenta de monitoramento e priorização das ações em saúde, mas também de compreensão da população do território onde se atua, permitindo assim monitorar o estado de saúde em relação aos agravos que são identificados e intervir com ações de prevenção e promoção de forma integral e longitudinal. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência de profissionais residentes inseridos em três grupos diferentes de portadores de Diabetes Mellitus insulino dependentes em unidade de saúde da família no município de Santos, São Paulo, em que foram coletados dados antropométricos e a partir da análise destes dados formular intervenções relacionadas à prevenção de agravos e promoção da saúde ao longo do programa de Residência Multiprofissional em Atenção Primária à Saúde.
Os grupos de portadores de Diabetes Mellitus são separados de acordo com as equipes de saúde da família da unidade, as quais são 3 (três) equipes de referência, na Policlínica situada no bairro do Valongo, no município de Santos, São Paulo, Brasil. Os grupos acontecem nas três primeiras segundas – feiras de cada mês e separados por equipe, onde cada equipe realiza a distribuição de insumos, aferição de pressão arterial, glicemia capilar e orientações gerais para os usuários com o diagnóstico de Diabetes Mellitus e realizam o uso de insulina. Os profissionais residentes são nutricionista e educador físico e compõem a Equipe Multi que apoia as equipes de saúde da família do território. As medidas antropométricas coletadas foram circunferência de cintura e circunferência de quadril para avaliar o risco cardiovascular de acordo com os parâmetros da relação cintura/quadril recomendados pela Organização Mundial da Saúde. As medidas foram coletadas inicialmente por dois meses consecutivos, nos meses de abril e maio de 2024, e participaram ao total 53 usuários.
A faixa etária dos participantes é entre 32 anos e 82 anos e 66% do sexo feminino. Dos usuários, 47% apresentam alto, 24% muito alto, 25% moderado e 4% baixo risco cardiovascular de acordo com a análise das medidas coletadas. No contato com os participantes dos grupos foi possível identificar dúvidas em relação à sua alimentação e partir destas dúvidas serão formuladas rodas de conversas, dinâmicas e palestras para os participantes sobre alimentação adequada e saudável nos meses seguintes de 2024 e reavaliação das medidas antropométricas nos meses de novembro e dezembro de 2024 para avaliar a evolução das medidas desses participantes. Espera-se que as intervenções produzam conhecimento e autonomia para os participantes do grupo, tendo impacto na sua alimentação e melhora do estilo de vida.
A coleta e análise das medidas possibilita um olhar a mais para os usuários do grupo, gerando novos caminhos de intervenções que condizem com a realidade do território onde se atua, podendo produzir autonomia e cuidado integral a esses usuários. Nesse sentido a vigilância em saúde contribui não só para orientar, planejar e implementar medidas de saúde pública, mas pode trazer benefícios diretos à população deste trabalho.