O reconhecimento das emergências psiquiátricas na Atenção Primária à Saúde: a vivência durante o internato

  • Author
  • Larissa Agripino Santos Brito
  • Co-authors
  • Bianca Cabral Carvalho , Bruna Lira Andriola , Maria Vitória Rodrigues Pitas , Denise Mota Araripe Pereira Fernandes , Thaís Cavalcanti Borges
  • Abstract
  • INTRODUÇÃO

    O usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) tem como uma das principais vias de acesso à Atenção Primária à Saúde ?(APS), tornando esse meio de comunicação e filtro com toda a Rede de Atenção (RAS). Sendo assim, responsável por casos dos simples aos complexos, a APS utiliza-se de da continuidade do cuidado, integralidade, universalidade, da acessibilidade, da responsabilização, da humanização e da equidade. Através da integração das competências aplicadas na APS permite articular ações de caráter individual ou coletivo, desde de ações de prevenção de agravos,  promoção da saúde, tratamento e reabilitação.

    O cuidado aos pacientes com sofrimento mental relacionam-se aos casos mais complexos a atenção primária, sendo uma porta de entrada fundamental, oferecendo um acesso mais imediato e continuado aos serviços de saúde. Por conseguinte, a Política Nacional de Saúde Mental, o cuidado na APS é essencial para detecção dos transtornos mentais, permitindo acompanhamento, como também intervenções necessárias, com esse acesso primário melhora a qualidade de vida dos pacientes, mas também desafoga os serviços especializados, distribuindo de maneira mais equitativa os recursos do sistema de saúde.

    Nesse sentido o estudante na APS consegue acompanhar diversas situações clínicas. O enfoque de inserir estudantes de medicina na atenção primária, visa desenvolver competências para a atuação efetiva no SUS, priorizando a promoção, prevenção e recuperação da saúde, além de fomentar uma visão integral do cuidado ao paciente. Essa estratégia é considerada crucial para a formação médica, pois proporciona ao estudante a experiência direta com a realidade epidemiológica e sociocultural da população.

    A experiência na APS permite a interação com diferentes áreas da medicina, com a aplicação do conhecimento teórico e habilidades práticas, além de possibilitar o acesso a casos clínicos que proporcionam maior interação entre o aluno e usuários, influenciado em melhor processo de aprendizagem para melhores tomadas de decisões após a formação.

    Entre essas emergências psiquiátricas que podem ser encontradas na APS, estão: crises de ansiedade aguda, episódios depressivos graves com potencial suicida, surtos psicóticos, e estados de agitação ou delírio. A capacidade de lidar com essas situações de maneira eficiente não só é crucial para o bem-estar do paciente, mas também fundamental para o aprendizado prático do interno. 

    Durante o internato em atenção primária esse contexto proporciona uma oportunidade única de aprendizado, desde avaliação inicial a tomada de decisões emergenciais, sendo vivências essenciais na prática médica. Portanto, é fundamental preparar profissionais capazes de responder adequadamente às necessidades dos pacientes, promovendo um melhor prognóstico e continuidade de cuidado.

    Objetiva identificar conhecimentos sobre as emergências psiquiátricas na APS, diante dos acompanhamentos clínicos durante o rodízio do internato de medicina, documentando a percepção das internas por meio da aprendizagem baseada em problemas.

    DESENVOLVIMENTO

    Um grupo de quatro internas deparou-se com casos frequentes de depressão, o que lhes suscitou curiosidade sobre o que a literatura médica trazia acerca do cuidado em saúde mental durante o internato em APS. A depressão então foi pesquisada e encontrou-se que corresponde a um transtorno mental frequente em todo o mundo, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com esse transtorno, sendo a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma importante para a carga global de doenças, a depressão pode levar ao suicídio, sendo mais frequentes em mulheres, tem como tratamento medicações, acompanhamento psicoterápico e exercício físico. 

    Durante o período que durou a rotação em APS, as internas lidavam com questões psicossociais complexas, associadas a elementos clínicos condizentes com quadros de transtornos depressivos, risco de autoextermínio e violências.

    Ademais, as emergências psiquiátricas são consideradas como situações complexas dentro do âmbito da APS. Desse modo, os vários tipos de situação têm diferentes formas de serem expressas, desde a tristeza, apatia e humor deprimido, até a agitação psicomotora. Isso quer dizer que independentemente do tipo, as crises são caracterizadas pelo intenso sofrimento vivenciado pelo paciente devido ao seu conflito. 

    O transtorno depressivo maior, segue sendo uma das doenças mais importantes para o entendimento do estudante, pela delicadeza das situações vivenciadas pelos usuários. O conhecimento da equipe multiprofissional, sobre o atendimento de pacientes com ideação suicida, é interessante ser iniciado desde o acolhimento na recepção da unidade básica, dando prioridade, devido a necessidade de acolhimento e segurança no ambiente.

    Os pacientes com depressão exigem o conhecimento sobre os distúrbios mentais, suas patologias e necessidades, a forma de abordagem clínica, a comunicação e a compressão das limitações sociais. Assim, a prática médica pelos internos em unidades de saúde de emergências psiquiátricas são de extrema relevância para o processo de aprendizagem e conhecimento no cotidiano médico nas unidades de saúde. 

     

    RESULTADOS

    Através dos vários atendimentos clínicos realizados durante as quatorze semanas que compuseram o rodízio de APS em uma Unidade de Saúde da Família de João Pessoa-PB, foi possível perceber a prática um importante princípio do SUS em ação, a universalização que nos traz que a saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas devendo ser assegurado e de acesso de todos como aconteceu ao seu atendimento, permitindo acesso, além disso a aplicação da integralidade que considera o paciente como um todo, levando em consideração o conceito ampliado de saúde. Por meio disso, no atendimento da paciente o cuidado na atenção primária foi utilizado a longitudinalidade por a responsabilidade com a paciente a criação do vínculo com a unidade, conhecer a família, fazer o seu acompanhamento com seu histórico.

    Proporcionar cuidado a pacientes em sofrimento mental foi uma experiência que transcendeu o desenvolvimento de habilidades clínicas, contribuindo significativamente para o amadurecimento pessoal e profissional. Ao deparar-se com a diversidade de casos psiquiátricos e as complexidades associadas a cada um deles, os internos são desafiados a desenvolver não apenas uma base sólida em saúde mental, mas também a empatia necessária para lidar com situações humanamente difíceis. Este contato direto e frequente com o sofrimento mental amplia a compreensão dos futuros médicos sobre as nuances do cuidado psiquiátrico e reforça a importância de uma abordagem holística e sensível. Essencialmente, essas experiências ensinam que a medicina não se limita a tratar sintomas, mas envolve cuidar de pessoas em suas totalidades, o que é fundamental para a formação de médicos verdadeiramente compassivos e eficazes.

    Assim, através das práticas do internato possibilita ao aluno a percepção da importância do conhecimento do médico sobre toda a família, vivenciando situações sociais comuns ao profissional de saúde, desde da criação do vínculo médico-paciente, permite ao interno faça a escuta, criar vínculo com os pacientes para que sinta-se confortável para contar a sua história, assim englobando o biopsicossocial do paciente, de forma holística. Bem como, conhecimento sobre o melhor tratamento e as demandas de vida do paciente, pois a escuta na saúde mental permite fazer o melhor tratamento e acompanhamento nas unidades de saúde. 

     

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    O relato de experiência emerge como uma ferramenta potente na formação médica, funcionando como um componente para a aprendizagem profunda e reflexiva. Por meio das próprias experiências práticas, ao compartilhar e refletir os estudantes de medicina podem aplicar os conhecimentos teóricos e clínicos de maneira concreta, contextualizada e significativa. Por fim, os relatos incentivam a análise crítica de atuações, decisões e resultados, facilitando a identificação de áreas para melhoria, bem como reforçando técnicas e abordagens bem-sucedidas.

     

     

     

  • Keywords
  • Saúde Mental, Internato e Residência Médica, Atenção Primária à Saúde.
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
Back