No ano de 2022 um grupo de indígenas Waraos originários do Delta do Orinoco, da Venezuela, chegaram na cidade de Vitória, procedentes do estado brasileiro da Bahia, vítimas de uma série de violações de direitos e violências sofridas na Venezuela, produto da crise humanitária que afeta o país. Eles entraram no Brasil pelo Estado de Roraima e têm se deslocado por diferentes Estados do país, sempre em grupo. Os grupos costumam ser famílias extensas, formados por adultos, mulheres, crianças e idosos, o que gera certo tipo de vulnerabilidades e necessidades diversas.
Donatella Di Cesare no livro Extranjeros residentes, una filosofía de la migración, 2019, faz uma alerta falando que não existe um esforço filosófico real referente à migração, assim é preciso se debruçar sobre o tema por sua urgência. O caso dos migrantes se agrava quando eles viajam em condição de refugiados e são atravessados por outras vulnerabilidades como o fato de ser indígenas, quer dizer, de ser corpos racializados que carregam consigo características culturais específicas que producto da colonialidade do poder como explica Quijano são excluídos, violentados e sua cultura, língua, costumes e tradições apagadas por serem consideradas como inferiores e sem importância.
Foi realizada uma pesquisa em diversas bases de dados com o uso dos descritores: migrantes, refugiados, Waraos no Brasil. Também foi feita uma revisão de documentos do ACNUR Brasil, assim como da produção filosófica de Donatella Di Cesare e Aníbal Quijano.