Apresentação: De 2014 até a atualidade, o Brasil tem enfrentado uma alta incidência de dengue, com surtos recorrentes que afetam milhões de pessoas. Fatores como urbanização desordenada, saneamento básico deficitário, clima favorável ao mosquito e dificuldades no controle do vetor contribuem para a persistência do problema. A dengue é uma arbovirose transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti e que possui, até o momento, 4 sorotipos conhecidos . A infecção pode levar a sintomas como febre alta, dores de cabeça, dores musculares e nas articulações, além de erupções cutâneas. Em casos graves, pode evoluir para dengue grave, caracterizada por sangramentos e choque hipovolêmico, o que pode ser fatal se não tratado adequadamente.
Desenvolvimento: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, com base nos dados fornecidos pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS), de Janeiro 2014 até março de 2024, com o intuito de comparar a distribuição das taxas de internação, mortalidade e óbitos entre as regiões brasileiras.
Resultados:A análise da morbidade hospitalar do SUS no Brasil, de Janeiro de 2014 a Março de 2024, revela que, em nível nacional, houve 120.262.564 internações e 5.640.455 óbitos, resultando em uma taxa de mortalidade de 4,69%. A região Sudeste, com 47.360.604 internações, apresenta a maior taxa de mortalidade, 5,57%, com destaque para o estado do RJ, que tem uma taxa alarmante de 7,23%. A região Sul registra uma taxa de 4,84% com 21.086.499 internações, enquanto a Região Nordeste tem uma taxa de 4,06% com 32.089.826 internações. A região Centro-Oeste apresenta uma taxa de 3,88% com 9.443.710 internações, e a região Norte, com a menor taxa de mortalidade de 3,04%, teve 10.281.925 internações. Esses dados evidenciam disparidades regionais significativas, com estados como RJ e SP enfrentando maiores desafios, possivelmente devido à urbanização intensa e à alta densidade populacional. Embora os estados da região Norte tenham um clima mais favorável à proliferação do mosquito, eles apresentaram resultados contrários em comparação às demais regiões. Houve 10.281.925 internações e 312.995 óbitos, resultando em uma taxa de mortalidade de 3,04%.
Considerações finais: A análise da morbidade hospitalar do SUS revela disparidades regionais significativas na taxa de mortalidade, com estados como RJ e SP apresentando índices alarmantes, possivelmente devido à urbanização intensa e alta densidade populacional, já que a espécie do mosquito que transmite a Dengue é, segundo o Ministério da Saúde, mais frequente em áreas urbanas, onde há aglomeração de pessoas e grande disponibilidade de locais propícios para os depósitos de ovos. Segundo esse mesmo órgão, a quase totalidade dos óbitos por dengue é evitável e depende, na maioria das vezes, da qualidade da assistência prestada e organização da rede de serviços de saúde. Dessa forma, essas desigualdades entre as regiões refletem falhas na distribuição dos recursos de saúde recebidos por cada localidade e na implementação de políticas públicas eficazes focadas nas áreas de maior proliferação do mosquito. Portanto, uma possível solução seria fortalecer a atenção básica à saúde, especialmente nas áreas urbanas mais densas, através da expansão de programas como o Estratégia Saúde da Família (ESF).