INTRODUÇÃO
A imposição do saber médico, enquanto produtor de verdades em relação ao sujeito, vem permeando com maior frequência o espaço da escola, principalmente nos casos de educação inclusiva. Dentro deste contexto, esta pesquisa aborda a temática a partir da demanda existente no município de São José de Ubá – RJ, onde no retorno das aulas presenciais, ao final do ano de 2021, recebeu muitos alunos apresentando defasagem de aprendizagem; sendo esta uma realidade já esperada, levando em consideração a suspensão das aulas presenciais pela pandemia do coronavírus. Contudo, um novo fenômeno se impôs: a crescente apresentação de laudos médicos, prescrições medicamentosas e solicitações de mediadores escolares. Neste cenário, a pesquisa traz como tema o matriciamento como ferramenta de intervenção sobre a lógica medicalizante na escola, uma cartografia no território; com o objetivo de propor o matriciamento como ferramenta de intervenção no território sobre a lógica medicalizante nas escolas de um município do noroeste fluminense, através de encontros horizontais entre uma psicóloga/pesquisadora, equipe pedagógica e os professores/mediadores que atuam na prática da sala de aula.
DESENVOLVIMENTO
O plano de ação desta pesquisa consiste em pactuar encontros no território entre a psicóloga/pesquisadora, equipe pedagógica e professores/mediadores; alinhar ações de matriciamento entre os atores envolvidos; promover encontros horizontais entre os participantes; propor intervenção sobre a educação inclusiva e a desconstrução da lógica medicalizante nas escolas. O viés metodológico será a pesquisa interventiva participativa utilizando a cartogarfia. O campo de pesquisa são as cinco escolas e uma creche municipais do referido município, onde são assistidos alunos da Educação Infantil ao 5º Ano do Ensino Fundamental, tanto na zona urbana quanto na zona rural. Nesta lógica, a pesquisa baseia-se em encontros horizontais, no modelo de roda de conversa, que acontecem em reuniões de planejamento mensal e/ou durante visitas da psicóloga/pesquisadora às escolas.
RESULTADOS ESPERADOS
Aqui notamos a emergência de analisadores que marcam o biologismo extremo e a negligência frente à complexidade dos processos subjetivos do ser humano. Essa pesquisa em andamento aposta que o reconhecimento das singularidades em uma perspectiva não patologizante precisa se colocar à vista para que um outro modo de ensino possa emergir e a lógica da homogeneidade dos/as alunos/as possa finalmente ser abandonada. Se o problema é visto como pertencente àquele/a aluno/a especificamente, não há espaço para reconhecimento das falhas nos sistemas de ensino, que se ocupam muito pouco em pensar estratégias reais para a promoção da inclusão.
CONCLUSÃO
A psicologia, ao considerar a complexidade dos processos subjetivos do ser humano, vai estar para além da manipulação de nomes de doenças registrados em laudos, rompendo a associação de “doenças do não aprender” com a diversidade presente na escola.