Introdução - Localizado na Policlínica Piquet Carneiro e integrante da rede de atenção psicossocial do município do Rio de Janeiro, o Centro de Atenção Psicossocial da UERJ (CAPS UERJ) é dedicado ao atendimento de usuários com transtorno mental grave e persistente. Sua abordagem de trabalho, formação profissional e atividades de extensão e pesquisa estão alinhadas aos princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira e à perspectiva de desinstitucionalização. Prioriza-se, nos projetos de cuidado, a construção de redes de sociabilidade que visem à autonomia e à emancipação dos usuários. Diante disso, surge a necessidade de desenvolver um dispositivo voltado para a articulação entre território, cultura e lazer. Em consonância com o PROTEC-UERJ, está em curso desde 2023 o Projeto "Universidade e Atenção Psicossocial: saúde mental, cultura, lazer e território".
Objetivo - O objetivo deste projeto é promover ações que reforcem os paradigmas da Atenção Psicossocial como direção da assistência e da formação no CAPS UERJ, utilizando o trabalho territorial e o acesso à cultura e lazer como estratégias fundamentais.
Métodos - No âmbito do Projeto de Intervenção, com duração prevista de 24 meses, realizam-se visitas bimensais a espaços culturais e de lazer na cidade. A escolha dos locais e o planejamento das visitas são feitos de forma colaborativa, em conjunto com a equipe e os usuários, após os encontros semanais. Após cada visita, há uma avaliação na qual são revisados registros audiovisuais e os participantes têm espaço para compartilhar narrativas sobre suas experiências na cidade, discutindo significados individuais e coletivos, desafios e impactos.
Resultados - Até o momento, foram realizadas 06 saídas com os 15 usuários participantes do Projeto, consolidando ações integradas nos campos da assistência, pesquisa, ensino e extensão. Observa-se uma contribuição significativa do projeto para a socialização e integração dos participantes na cidade, além de efeitos positivos na clínica e na qualidade de vida desses usuários, fortalecendo o vínculo com a instituição e a implicação com seus Projetos Terapêuticos Singulares (PTS).
Conclusão - Para a Universidade e a Policlínica Piquet Carneiro, reconhecer o território como direção do cuidado, abarcando dimensões subjetivas e existenciais dos sujeitos, é crucial para o avanço na construção de políticas públicas em saúde mental. Transcender o espaço físico institucional representa um investimento na produção de formas inovadoras de cuidado. Por meio deste projeto, reafirmamos o território como um locus de potencialidades, garantindo também a formação de profissionais alinhados aos princípios da Atenção Psicossocial e do Sistema Único de Saúde.