1. INTRODUÇÃO
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no Sistema Único de Saúde (SUS), foi implementada no Brasil em 2006, sendo ampliada em 2017 e 2018, contanto atualmente com 29 PICs.
A Faculdade de Enfermagem (FE) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) oferece uma matriz curricular de 10 semestres, composta por componentes curriculares, disciplinas e estágios obrigatórios, além de duas disciplinas optativas, sendo uma a de Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no cuidado à saúde, objeto deste resumo e que visa expandir a compreensão dos acadêmicos e pós-graduandos sobre o processo saúde-doença, incorporando as PICs no cuidado à saúde.
Diante disso, o objetivo deste resumo é realizar um relato de experiência sobre a oferta da disciplina optativa Práticas Integrativas e Complementares no cuidado à saúde.
2. METODOLOGIA
A disciplina optativa Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no cuidado à saúde é ministrada na Faculdade de Enfermagem, desde 2022, por duas docentes enfermeiras e ofertada a estudantes de graduação e pós-graduação de diversos cursos e áreas profissionais. Ademais, conta com a participação de professoras convidadas e profissionais externas para abordar sobre as diferentes PICs no decorrer da disciplina.
A disciplina é semestral e ofertada uma vez ao ano. A primeira turma, ocorreu no 1º semestre de 2022. Participaram 11 graduandos (nove de enfermagem, uma de nutrição e um de psicologia) e 10 pós-graduandos, todas enfermeiras. A segunda turma foi ofertada no 2º semestre de 2023, com 20 matriculados: 13 graduandos (12 de acadêmicos de enfermagem e uma de nutrição) e sete pós-graduandos.
A partir do cronograma, no primeiro dia de aula, foi apresentada a proposta da disciplina, as atividades que seriam desenvolvidas e os métodos de avaliação. O cronograma, plano de ensino, materiais de leitura e vídeos foram disponibilizados na plataforma educacional do estudante, e-aula-ufpel, para facilitar o acesso aos materiais de apoio utilizados nas discussões.
As aulas foram teórico-práticas, proporcionando a vivência e a aprendizagem ativa, engajando os estudantes e contextualizando o conhecimento. A disciplina abordou temas como: História e compreensão de saúde/doença e a interface com a cultura; Práticas integrativas e complementares - políticas públicas, avanços e desafios; Medicina antroposófica; Acupuntura e práticas da medicina tradicional chinesa; Reiki; Auriculoterapia; Constelação familiar; Yoga; Dança circular; Cone chinês; Cromoterapia; Plantas medicinais com preparação de pomada com plantas medicinais para cuidado a feridas; e Tamborterapia.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até o momento, concluíram a disciplina 24 graduandos e 17 pós-graduandos, sendo a maioria acadêmicos de enfermagem e enfermeiros(as).
A disciplina foi desenvolvida com base na política nacional de PICs, outras referências teóricas e nas experiências das docentes e convidadas, além dos acadêmicos, proporcionando momentos enriquecedores. As aulas eram realizadas em formato de roda de conversa, criando um ambiente inclusivo e acolhedor, no qual todos podiam compartilhar conhecimentos de maneira aberta, sem julgamentos. Esse formato promoveu uma reflexão sobre como o cuidado à saúde pode ser abrangente, considerando a escuta do usuário e evitando rotulá-lo com base na doença, valorizando sua identidade única, influenciada pela rede de apoio, valores, saberes e cultura.
A avaliação final consistiu na escrita e apresentação de um resumo (alunos da graduação) ou artigo (alunos da pós-graduação), individualmente ou em grupos, sobre PICs escolhidas pelos alunos. Os alunos foram estimulados a submeterem os artigos em revistas da área e os resumos em eventos científicos.
Os temas escolhidos na 1ª turma foram: Acupuntura, Auriculoterapia, Apiterapia, Aromaterapia, Ayurveda, Hipnoterapia, Meditação, Ozonoterapia, Yoga, Quiropraxia e Plantas medicinais. Já na 2ª turma, os temas abordados foram: Uso fitoterápico do boldo; Uso de babosa e do barbatimão no tratamento de feridas na APS; Reiki; Hipnoterapia na promoção de saúde mental; Métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto; Yoga; Plantas medicinais para sintomas respiratórios; Musicoterapia na redução da ansiedade infantil; e Acupuntura.
Observou-se que a disciplina foi consistente em sua metodologia e atraiu principalmente graduandos de enfermagem, mas também de outras áreas, como nutrição e psicologia. As mudanças nos temas das avaliações finais da primeira turma para a segunda indicam um interesse crescente pela implementação de PICs em diferentes contextos de saúde. As PICs estão ganhando espaço em diversos contextos, e a disciplina incentiva a busca por conhecimento e formação nessas práticas, promovendo um cuidado humanizado e integral do indivíduo.
4. CONCLUSÕES
A disciplina optativa mostrou potencial para ser implementada como obrigatória no currículo de Enfermagem, permanecendo acessível a estudantes de diferentes cursos interessados. Ademais, nota-se um crescimento do interesse pelas PICs, tanto no meio acadêmico, quanto entre profissionais.
A metodologia empregada permite que os discentes aprendam a teoria e experimentem na prática os benefícios das PICs, promovendo uma visão holística do ser humano, ampliando as práticas de cuidado à saúde para além das propostas pelo modelo biomédico.