Apresentação: Ser trabalhador(a) no Sistema Único de Saúde (SUS) é trabalhar no mais complexo sistema de saúde pública do mundo, e isso envolve muitos desafios. Exige de instituições de ensino uma formação para profissionais trabalhadores da saúde com a sensibilidade para atuar em territórios com diversas vulnerabilidades, essas incidindo diretamente no processo saúde doença das pessoas e comunidades. No processo de formação da residência, todo o território deve ser chamado a pensar e a produzir espaços de saúde, de qualidade de vida, e é neste modo que se dá a formação deles, construindo respostas coletivas. Diante disso, o objetivo deste relato é refletir sobre a inserção do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica (PRMAB) da Escola de Governo Fiocruz Brasília em territórios vulnerabilizados do Distrito Federal (DF). Desenvolvimento: Oferecer campos de residência em territórios vulnerabilizados é uma decisão política da Coordenação Política Pedagógica (CPP) do Programa. Atualmente, o PRMAB Fiocruz Brasília atua em 15 Unidades Básicas de Saúde (UBS) do DF, nas Regiões Administrativas: Gama, Samambaia, Taguatinga, Ceilândia, Guará, Riacho Fundo, Núcleo Bandeirantes, Itapoã, Paranoá, Ceilândia e São Sebastião, com aproximadamente 100 residentes atuando nesses territórios, com duas turmas em andamento. Estamos em espaços bastante desafiadores, com diversas vulnerabilidades sociais, na maior favela do Brasil, em conjuntos habitacionais, junto disso, também são territórios marcados por suas potencialidades, diversidade cultural, saberes e práticas populares, conhecimentos técnicos-científicos, pluralidades de povos e variedades de trabalho. Resultados: A residência em saúde é uma das estratégias de formação para o SUS, ao mesmo tempo, uma força de trabalho multiprofissional para o território que a recebe. O PRMAB Fiocruz Brasília está inserido em territórios mais próximos possíveis da vida real das pessoas e comunidades, e isso permite a formação de trabalhadoras e trabalhadores mais próximos das diretrizes do SUS, entendendo as necessidades dos territórios, principalmente aqueles mais vulnerabilizados, criando espaços de aprendizagem e transformação social. A escolha de nossos campos de atuação serem nesses espaços também passa pela intenção de educar para a cidadania, o bem viver e a saúde a partir dos problemas cotidianos, desenvolvendo a educação como instrumento para a construção de conhecimento com vistas à ação ética e política nos territórios da Atenção Básica em articulação com as demais redes de cuidado do SUS. Considerações finais: O processo de formação do PRMAB Fiocruz Brasília considerando a atuação do SUS em espaços considerados vulnerabilizados propicia uma formação crítica, contribuindo com a leitura da realidade, considerando a diversidade e a complexidade do contexto sócio-histórico-cultural desses territórios.