Introdução: A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução crônica que, embora curável, ainda permanece endêmica em várias regiões do mundo, principalmente na Índia, no Brasil e na Indonésia. Por ser uma doença infecciosa crônica e que pode ocasionar sequelas graves se não for tratada adequadamente, é necessário monitoramento contínuo até sua alta por cura, o que confere o sucesso no tratamento. A partir da promulgação da Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020 que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública por COVID19, a equipe do Programa de Controle de Hanseniase (PCH) de Vila Velha se viu a frente ao desafio da capacidade de manter a oferta de serviços e garantir o atendimento necessário à população por eles assistidas. Objetivo: Relatar estratégias utilizadas pela equipe multidisciplinar do PCH do município durante o enfrentamento da pandemia por COVID 19 em 2020 e apresentar o resultado do indicador proporção de cura dos casos novos de hanseníase diagnosticados nos anos das coortes no período de avaliação de 2020 como forma de avaliar a qualidade do serviço ofertado. Métodos: Estratégias foram adotadas pelo PCH do município para garantir a continuidade do tratamento dos pacientes priorizando aqueles com indicação de manter o distanciamento social e/ou sem recursos financeiros para acessar a unidade de referência do PCH. Foram utilizados Kits individualizados por paciente contendo as medicações e ficha de busca ativa, o carro da Vigilância Epidemiológica (VE) e o técnico visitador treinado e em uso das medidas de proteção individual durante sua visita aos domicílios dos pacientes. Para avaliação da qualidade do serviço ofertado pelo PCH foi escolhido o indicador nº 6 da Pactuação Interfederativa 2017 – 2021 (proporção de cura dos casos novos de hanseníase diagnosticados nos anos das coortes) e a ferramenta escolhida para cálculo foi o programa TabWin. Resultados: Houve uma queda no número de casos novos de hanseníase, sendo registrados apenas 39 casos em 2020. Dos 66 pacientes que iniciaram o tratamento em 2018 e 2019 e concluíram em 2020, 83% foram encerrados como alta por cura e 4% abandonaram o tratamento mesmo com a oferta de serviços. O resultado do indicador nº 6 do Pacto Interfederativo, considerando o ano de avaliação 2020, foi de 96%. Conclusão: Apesar dos desafios impostos pela pandemia, as ações estratégicas utilizadas pela equipe do PCH foram avaliadas como satisfatórias apresentando o indicador de cura, de 2020, com resultado de 96% superando a meta de 90% estabelecida pela Pactuação Interfederativa 2017 - 2021. Concluímos que os motivos para este resultado se deram, dentre outros, ao engajamento da equipe e os recursos disponíveis, todavia para evitar resultados negativos futuros é necessário investir em planejamento e estrutura a fim de aumentar a efetividade PCH municipal. Outro destaque é que diante de eventos de saúde pública, como foi o COVID 19, as medidas de intervenção precisam ser reavaliadas constantemente trazendo para a mesa de discussão todos os protagonistas da assistência e vigilância em saúde.