Introdução: O envelhecimento populacional é um fenômeno global que apresenta desafios significativos para os sistemas de saúde. A crescente demanda por cuidados especializados para a população idosa requer abordagens inovadoras que vão além dos tratamentos convencionais. Nesse contexto, a arteterapia tem ganhado destaque como uma intervenção complementar, capaz de promover o bem-estar emocional, cognitivo e físico dos idosos. Em ambientes de cuidado de longa permanência, como lares filantrópicos, a arteterapia pode ser uma ferramenta valiosa para melhorar a qualidade de vida dos residentes. Os lares filantrópicos, que frequentemente operam com recursos limitados, enfrentam desafios adicionais na provisão de cuidados holísticos. A integração de práticas artísticas no cuidado diário pode oferecer benefícios significativos sem exigir grandes investimentos financeiros. A arteterapia, ao proporcionar um meio de expressão emocional e estimulação cognitiva, pode contribuir para a saúde mental dos idosos, muitas vezes afetada pelo isolamento e pela monotonia da vida institucionalizada. Além disso, atividades artísticas podem promover a socialização e fortalecer os laços comunitários entre os residentes. A cidade de Santarém, no Pará, abriga uma instituição filantrópicas dedicadas ao cuidado de idosos. Esses lares desempenham um papel decisivo no suporte à população idosa vulnerável, oferecendo não apenas abrigo, mas também cuidado integral. Assim, a experiência acadêmica descrita neste trabalho foi realizada em um desses lares, com o intuito de avaliar o impacto da arteterapia na promoção da saúde dos residentes. Durante um período de sete dias, acadêmicos de enfermagem conduziram sessões de arteterapia, observando seus efeitos sobre o bem-estar dos participantes. Ao documentar essa iniciativa, pretendemos contribuir para a disseminação de práticas inovadoras no cuidado gerontológico, incentivando outras instituições a adotarem abordagens semelhantes. A arte, com seu poder transformador, pode ser uma aliada poderosa na promoção de uma vida mais digna e enriquecedora para a população idosa. Ademais, a arteterapia, reconhecida como uma abordagem científica, emprega diversas formas de arte como meio de terapia, explorando a expressão artística e a criatividade para fins terapêuticos. A legislação brasileira, especificamente a lei nº 2.759 de agosto de 2015, enfatiza a importância dos meios expressivos, incluindo artes plásticas, música, dança, canto, teatro e literatura, como ferramentas valiosas no apoio ao tratamento terapêutico. Essas práticas promovem o autoconhecimento, estimulam a criatividade, contribuem para a prevenção do estresse e são benéficas no acompanhamento de indivíduos enfrentando desafios psicológicos. Devido à sua eficácia comprovada, a arteterapia foi oficialmente incorporada às políticas públicas do Brasil, conforme estabelecido pela portaria nº 849 de 27 de março de 2017. Objetivo: Relatar de experiência vivenciadas na aplicação da arteterapia no cuidado de idosos em um lar filantrópico de Santarém, Pará. Metodologia: A experiência foi conduzida em um lar filantrópico de Santarém, Pará, durante sete dias consecutivos. A equipe envolvida consistia em sete acadêmicos de enfermagem, supervisionados por um professor. Os participantes do estudo foram 30 idosos residentes no lar, selecionados de forma voluntária e com capacidade cognitiva para participar das atividades. Foi seguido um roteiro, como Planejamento das intervenções: As práticas de arteterapia foram planejadas para ocorrer diariamente, com duração de uma hora cada. As atividades incluíram desenho, pintura, colagem e modelagem com argila, buscando estimular a criatividade e expressão emocional dos participantes. Execução das atividades: As práticas foram conduzidas em um ambiente tranquilo e acolhedor, com materiais artísticos disponibilizados pela equipe. Os acadêmicos facilitaram as atividades, oferecendo suporte e encorajamento aos idosos; Coleta de Dados: A coleta de dados foi realizada através de observação direta, entrevistas semiestruturadas com os participantes e anotações em diário de campo. Os indicadores observados incluíram o engajamento dos idosos nas atividades, mudanças de humor, socialização e expressões de bem-estar; Análise dos Dados: Os dados qualitativos foram analisados utilizando a técnica de análise de conteúdo, identificando temas e padrões emergentes a partir das observações e diálogos. Resultados: As intervenções de arteterapia realizadas no lar filantrópico de Santarém mostrou-se bastante exitosa, indicando vários benefícios para os residentes gerontológicos. Todos os 30 idosos participaram ativamente das práticas de arteterapia. Observou-se um alto nível de engajamento nas atividades propostas, com os participantes demonstrando entusiasmo e criatividade. Muitos expressaram satisfação e prazer em envolver-se em atividades artísticas, algo que não faziam diariamente. Houve uma melhoria perceptível no humor dos participantes ao longo da semana. Idosos que inicialmente apresentavam sinais de apatia e desinteresse mostraram-se mais animados e interativos. Relatos de alegria, tranquilidade e diminuição de sentimentos de solidão foram comuns durante o diálogo. Um dos participantes afirmou: “Fazer essas pinturas me faz lembrar dos tempos bons e esquecer as preocupações.” As práticas de arte terapia promoveram uma maior interação social entre os residentes. As atividades artísticas serviram como um facilitador para conversas e trocas de experiências, fortalecendo os laços entre os idosos. Muitos relataram que se sentiram mais conectados com os outros após as práticas de arteterapia, o que é particularmente importante em ambientes de cuidado onde a socialização pode ser limitada. A arteterapia proporcionou uma via importante para a expressão emocional. Vários idosos utilizaram as atividades para expressar sentimentos e memórias, tanto positivas quanto negativas. Isso não apenas funcionou como um alívio emocional, mas também como uma oportunidade para os acadêmicos entenderem melhor as necessidades e histórias pessoais dos residentes. A experiência foi enriquecedora, não apenas em termos de aprendizado técnico, mas também no desenvolvimento de competências emocionais e empáticas. Alguns integrantes da equipe destacaram a importância da arteterapia como uma prática integradora que pode complementar os cuidados tradicionais de saúde, promovendo um ambiente mais humanizado e acolhedor para os idosos. Considerações finais: A implementação da arteterapia em um lar filantrópico para idosos em Santarém, Pará, mostrou-se uma estratégia eficaz para a promoção da saúde e bem-estar dos residentes. A experiência demonstrou que atividades artísticas podem melhorar significativamente o humor, promover a socialização e proporcionar um importante via de expressão emocional para os idosos. Os resultados desta intervenção sugerem que a arteterapia pode ser uma valiosa adição às práticas de cuidado gerontológico, especialmente em contextos em que os recursos são limitados. Para a continuidade e ampliação desta prática, recomenda-se a capacitação contínua dos profissionais de saúde em técnicas de arteterapia e a busca por parcerias com instituições acadêmicas e culturais para fornecer os materiais necessários. Este relato de experiência enfatiza a necessidade de uma abordagem mais humanizada e holística no cuidado aos idosos, valorizando as dimensões emocionais, sociais e culturais da saúde. A arteterapia não apenas enriquece a vida dos residentes, mas também transforma a prática de enfermagem, promovendo um cuidado mais integral e empático.
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