Apresentação: A contemporaneidade proporcionou avanços significativos na área da saúde, exigindo qualificação profissional mais elevada para atender as demandas do mercado. No âmbito da enfermagem, houve a necessidade de reformular os currículos pedagógicos para adequá-los aos desafios educacionais. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Enfermagem, estabelecidas pela Resolução CNE/CES nº 3 de 2001, enfatizam a formação de profissionais com competências em atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança e educação permanente. A formação acadêmica enfrenta o desafio de capacitar profissionais capazes de integrar teoria e prática de maneira eficaz e atuar como agentes das políticas de saúde. Reconhecer as demandas e desafios dos estudantes é essencial para reorganizar o processo formativo e desenvolver as competências necessárias ao exercício profissional eficiente e humanizado.
Desenvolvimento do trabalho: Buscando avaliar as expectativas dos graduandos do curso de enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), realizou-se este estudo observacional, com delineamento transversal, que utilizou um questionário estruturado para a coleta de dados, após aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da Ufes. A amostra consistiu de 75 estudantes dos últimos períodos do curso de enfermagem. Os critérios de inclusão exigiam matrícula na UFES entre o semestre 2021/2 e 2022/1 e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A coleta de dados foi realizada em sala de aula, por um pesquisador, utilizando um questionário anônimo que abordava variáveis socioeconômicas, dados acadêmicos e expectativas profissionais dos estudantes. Após a coleta, os dados foram tabulados, e realizada estatística descritiva.
Resultados: A amostra consistiu majoritariamente de mulheres (70%), de até 24 anos (49,3%). A maioria é de solteiros (93,3%) e sem filhos (93,3%). Quanto à raça, 48% se declararam brancos, 37,3% pardos e 14,7% negros. A maior parte cursou o ensino médio em escola pública (57,3%) e reside com os pais (56%). A renda familiar de até 5 salários mínimos foi mais prevalente (66,6%), e a maioria dos estudantes não trabalha (82,7%). Academicamente, 57,3% dos alunos não realizam monitoria, mas a maioria participa de projetos de extensão (64%) e iniciação científica (54,7%). Poucos apresentaram trabalhos em congressos (37,3%), e 78,7% não pretendem cursar outra graduação, embora muitos tenham interesse em pós-graduação, especialmente no mestrado (50,7%). As áreas de maior interesse são Saúde da Criança e do Adolescente (32%), Urgência e Emergência (22,7%) e Saúde da Mulher (21,3%). Em relação ao mercado de trabalho, a maioria deseja trabalhar em regime de plantão (74,7%) e realizar concurso público (97,3%), visando a estabilidade profissional. As principais dificuldades esperadas são a saturação do mercado de trabalho (54,7%) e a dificuldade de inserção no serviço público (48%).
Considerações finais: As expectativas dos graduandos refletem um desejo de estabilidade e especialização, que pode ser atendido por uma formação acadêmica que incentive a participação em atividades complementares como monitorias, projetos de extensão, iniciação científica e participação em congressos. Dessa forma, os futuros enfermeiros estarão melhor preparados para enfrentar os desafios do mercado de trabalho e contribuir significativamente para a saúde pública.