Apresentação: No final de 2019, surgiu em Wuhan, China, um novo coronavírus (SARS-CoV-2), que rapidamente se espalhou globalmente. Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde classificou a COVID-19 como uma pandemia. A transmissão ocorre principalmente por gotículas respiratórias e contato com mucosas, o que coloca os cirurgiões-dentistas em alto risco devido à proximidade com os pacientes e a geração de aerossóis durante os procedimentos. Para proteger profissionais e pacientes e conter a disseminação do vírus, entidades internacionais e nacionais recomendaram a suspensão dos atendimentos odontológicos eletivos, mantendo apenas as urgências. A Atenção Primária à Saúde (APS) tornou-se essencial no enfrentamento da pandemia, servindo como a principal porta de entrada do sistema de saúde. Os cirurgiões-dentistas atuantes nas equipes de saúde da família tiveram que adaptar suas práticas às novas diretrizes. Este trabalho analisa a atuação desses profissionais na APS do Espírito Santo durante a pandemia da COVID-19.
Desenvolvimento do trabalho: Este estudo analítico, de delineamento transversal e abordagem quantitativa, foi conduzido com cirurgiões-dentistas atuantes na Atenção Primária do Sistema Único de Saúde no estado do Espírito Santo, no período de maio a julho de 2020. A coleta de dados ocorreu via questionário eletrônico estruturado. A análise descritiva dos dados foi realizada através de tabelas de frequências absolutas e relativas para cada item do instrumento de pesquisa. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê? de Ética em Pesquisa instituído pela Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo, sob o Parecer Consubstanciado Nº4.035.957.
Resultados: A pesquisa teve 403 CDs respondentes. Destes, 22,6% não participaram de processos de trabalho durante a pandemia de COVID-19. Os demais atuaram em barreira sanitária (28,7%), vacinação (28,1%), monitoramento epidemiológico (21,4%), Fast track (8,0%), visita domiciliar (7,7%), inquérito epidemiológico (7,2%), e outros atendimentos (16,2%). Apenas 3,5% dos CDs permaneceram em atendimento odontológico exclusivo. Os resultados apontam para a necessidade do cirurgião-dentista, especialmente aquele inserido na atenção primária e serviço público, de adaptar-se aos diversos cenários, com resiliência e conhecimento para novas atuações, além de habilidades para o trabalho multiprofissional. Tais habilidades devem ser abordadas durante a graduação, garantindo profissionais respondentes aos desafios de saúde e bem adaptados a diferentes situações.
Conclusões: Este estudo evidenciou alterações no processo de trabalho dos cirurgiões-dentistas durante a pandemia de COVID-19. A participação em ações junto às equipes de APS destaca a importância da responsabilidade sanitária desses profissionais dentro da equipe multiprofissional no território.