Durante a gestação, a mulher passa por inúmeras modificações fisiológicas e psicológicas, deixando-a mais suscetível ao desenvolvimento de complicações sistêmicas, inclusive à alterações bucais. Dessa forma, o acompanhamento odontológico é de suma importância, a fim de garantir o bem-estar e a saúde da mãe e do bebê. Sendo assim, o presente resumo tem como objetivo evidenciar a importância do cuidado odontológico na gravidez, a partir de uma revisão narrativa exemplificando quais alterações orais podem ser prevenidas por meio da prevenção e do cuidado integral.
Inúmeros fatores estão associados a menor utilização de mulheres grávidas ao serviço e ao acesso odontológico, como questões socioeconômicas, falta de tempo e de informação. Todavia, o aumento da produção de hormônios nesse período interfere diretamente na saúde bucal, havendo maior suscetibilidade ao desenvolvimento de doenças periodontais, como inflamação gengival, que causa desconforto e sangramento, além de respostas inflamatórias inadequadas. Outrossim, sabe-se que, a saúde bucal influencia diretamente na saúde geral, além de muitas doenças sistêmicas terem influência no equilíbrio oral, como a diabetes que pode aumentar a susceptibilidade a doenças periodontais, inflamação gengival e sangramento, além de contribuir para o desenvolvimento de problemas como boca seca, candidíase oral e dificuldade na cicatrização de feridas. Também, doenças imunes e infecções sexualmente transmissíveis podem resultar em infecções bucais oportunistas, como candidíase, herpes labial, aftas recorrentes e gengivites severas, devido à supressão da resposta imunológica. Ainda, infecções sexualmente transmissíveis (IST 's), podem ter manifestações orais, como lesões ulcerativas na sífilis e verrugas pelo HPV. Dessa forma, com o acompanhamento odontológico gestacional, é possível detectar e prevenir a progressão de doenças, tanto orais, quanto sistêmicas, sendo mais indicado no segundo trimestre, quando o feto já está mais desenvolvido e os riscos são menores. Vale salientar, que, os cuidados durante esta fase foram intensificados desde a implementação da Rede Cegonha, que foi instituída pelo Ministério da Saúde, por meio da Portaria de nº 1.459, de 24 de junho de 2011. Ela consiste em um pacote de ações que visam garantir um atendimento de qualidade, humanizado e seguro para todas as mulheres, oferecendo assistência para as famílias durante todo o processo da gestação até a criança completar dois anos de idade. Os seus objetivos visam promover uma atenção integral à saúde da mulher e da criança, com isso garantindo o acesso, acolhimento e resolutividade satisfatórios na Rede de Atenção à saúde materna e infantil, por meio do acolhimento, prevenção de doenças, acompanhamento e orientação. Dentre os recursos, são ofertados exames de pré-natal, teste rápido de gravidez e detecção de sífilis e HIV, além de leitos de gestação de alto risco e pelo menos uma consulta odontológica da gestante no pré-natal.
Por fim, conclui-se que, o acompanhamento odontológico no período pré-natal é primordial para evitar complicações orais e sistêmicas, ao priorizar a prevenção e o cuidado integral, é possível evitar complicações que possam afetar tanto a mãe quanto o bebê.
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