Apresentação: Bicos artificiais são caracterizados como oferta de chupetas e mamadeiras, de forma individual ou simultânea. São hábitos de sucção de grande potencial de impacto na função estomatognática do bebê e no desenvolvimento oral e facial. A oferta de alimentação através de mamadeiras é um hábito socialmente bem aceito e muitas vezes estimulado. Práticas como publicidade abusiva e desrespeito ao Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno estimulam o uso de apetrechos para substitutos do leite materno, em detrimento da amamentação.
Desenvolvimento do Trabalho: Com objetivo de descrever a utilização mamadeira e associação com desmame precoce em crianças de comunidade rural de colonização pomerana, realizou-se estudo quantitativo e transversal, com 143 prontuários de crianças atendidas nas consultas de puericultura do Distrito de Melgaço, Domingos Martins, Espírito Santo.
Resultados: A maior parte da amostra foi constituída por mulheres brancas (76,9%), entre 25 e 34 anos de idade (44,8%), escolarizadas até o ensino fundamental incompleto (49,0%) e trabalhadoras agropecuárias (61,5%) Das 143 crianças incluídas na pesquisa, 67 (46,9%) alimentavam-se com mamadeira. Houve associação positiva do uso de mamadeira com desmame precoce (p-valor 0,000). Existe uma forte pressão da indústria de substitutos do leite materno, que continuamente infringe o Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno, adotando estratégias de “marketing agressivo”. Populações mais vulneráveis, com menores índices socioeconômicos, estão mais sujeitas à essas ações, culminando em desfechos negativos para a amamentação, como a interrupção da amamentação exclusiva e desmame precoce.
Considerações finais: Esse resultado aponta para a necessidade de conscientização acerca do uso de mamadeiras, bem como o respeito às normas e códigos de comercialização desses produtos, protegendo especialmente populações mais vulneráveis. Trata-se de algo complexo, e em nível macro, visto que são socialmente aceitas e incentivadas, amplamente utilizadas, e que fazem parte da maternidade desde listas de enxoval à prescrição médica. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo, inscrito sob o Parecer N° 3.952.910, de 03 de abril de 2020, CAAE 28363220.4.0000.5060.