Apresentação: Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a mortalidade materna ocorre quando uma mulher morre durante a gestação ou até 42 dias após o término da gravidez, por causas relacionadas ou agravadas pela gravidez, excluindo causas acidentais e incidentais. Conforme a CID-10, as causas são divididas em obstétricas, diretas, ligadas às complicações da gravidez, parto ou puerpério, e indiretas, associadas a doenças pré-existentes ou desenvolvidas durante a gravidez, como diabetes e hipertensão. Desenvolvimento do trabalho: Para a realização deste trabalho, o grupo-alvo foi as mulheres negras soteropolitanas, mortas em decorrência da gestação no período de nove meses ou até o primeiro ano de vida da criança. Os dados serão obtidos mediante bases secundárias governamentais (DataSUS, Tabnet e Boletins de Mortalidade), traçando um desenho epidemiológico analítico observacional. O objetivo primário deste estudo foi verificar a relação racial e socioeconômica como indicador de risco na mortalidade materna negra da população soteropolitana e entender como o Sistema Único de Saúde (SUS), através da Atenção Básica e estratégias, como comunicação e prevenção, poderia modificar esse cenário. Resultados: No Brasil, a morte materna configura-se como um problema de saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde (MS), as altas taxas de mortalidade materna compõem um quadro de violação dos direitos humanos de mulheres e de crianças, atingindo classes sociais com menor ingresso e acesso aos bens sociais, nas várias regiões brasileiras. Desse modo, é perceptível que as mais vulneráveis são as com menor renda, escolaridade, o que consequentemente emerge a questão racial. Essas problemáticas foram ratificadas pela análise de relatórios de Comitês de Morte Materna, o risco de mortalidade materna é maior entre as mulheres negras, o que inclui as pretas e pardas, configurando-se em importante expressão das iniquidades em saúde e da presença constante dos determinantes sociais no processo de adoecimento de populações invisibilizadas. Ademais, os dados evidenciam que as mulheres negras vivem em piores condições e com menores níveis de escolaridade. Entre 2015 e 2021, segundo dados do Tabnet Salvador, identificou-se maior prevalência de mortes entre mulheres negras, principalmente por causas obstétricas. Os distritos com maior incidência incluem São Caetano/Valéria, Subúrbio Ferroviário, Itapuã e Cabula/Beiru, áreas populosas e negligenciadas em saúde e segurança. Para mais, as equipes de saúde da Atenção Primária deveriam acolher, acompanhar e tratar as principais causas de morbimortalidade materna e fetal e estar disponíveis quando ocorrerem intercorrências durante a gestação e o puerpério. Outrossim, é importante que o profissional de saúde busque informar sobre as patologias mais frequentes na gestação, quais cuidados devem ser tomados durante o pré-natal e o puerpério, por meio de atividades educacionais que proporcionem conhecimento e diálogo aberto. Ademais, em média, 50% das causas podem ser consideradas evitáveis. Considerações finais: Embora o SUS tenha ampliado sua cobertura, a qualidade dos serviços varia regionalmente, com muitas mortes sendo evitáveis, atribuídas ao acesso tardio ou inadequado aos serviços de saúde e ao contexto socioeconômico desfavorável. Assim, a maioria dos óbitos poderia ser evitada com a atuação eficiente dos serviços de saúde e comunicação eficaz com as gestantes.