Apresentação: Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate à Endemias (ACEs) desempenham um papel crucial na identificação de necessidades de saúde nas comunidades e na facilitação do acesso aos serviços de saúde. Eles atuam nos territórios, preferencialmente de forma integrada, para encaminhar problemas de saúde que majoritariamente são resolvidos na Atenção Básica (AB). Para que esta atuação ocorra, há necessidade de uma cobertura adequada de serviços da AB e de qualificação técnica. Cursos ofertados dentro da Política Nacional de Educação Permanente permitem uma melhor compreensão das necessidades da comunidade, facilitam a implementação de intervenções eficazes e promovem a prestação de cuidados de saúde culturalmente sensíveis e adaptados ao contexto local. O objetivo deste trabalho é apresentar os quantitativos de ACS e ACE que realizaram o curso de qualificação do Programa Saúde com Agente (PSA), um curso técnico que contou com a adesão de 5.452 gestores municipais de saúde, representando 98% dos municípios brasileiros, e contextualizar estes dados com a cobertura da AB no Rio Grande do Sul (RS), e do total de profissionais ACS e ACE atuantes neste estado.
Desenvolvimento do Trabalho: O estudo caracteriza-se como quantitativo e descritivo, abrangendo os ACS e ACE que se matricularam na primeira edição do PSA no Rio Grande do Sul. Dados sobre as regiões de saúde foram obtidos através do portal E-gestor AB.
Resultados: O estado do Rio Grande do Sul possui 11,3 milhões de habitantes distribuídos em 30 regiões de saúde, e conta com aproximadamente 13.450 ACS e ACE atuantes no SUS. Segundo o portal do E-gestor AB, a cobertura média da atenção básica dessas regiões é de 57,63%, variando entre 20,2% e 94,5%. Um total de 6.890 agentes de saúde do RS se inscreveram nos cursos do PSA, mas os resultados evidenciam uma distribuição espacial heterogênea dos inscritos no programa. Do total de inscritos, 5.966 (87%) eram ACS e 924 (13%) ACE. As regiões de saúde com maior número de matriculados foram a Região 21 - Sul (que possui 49% de cobertura de AB) e a Região 10 - Capital e Vale do Gravataí (que possui 20% de cobertura). A terceira região com maior número de inscritos foi a Região 23 - Caxias e Hortênsias (com 21,9% de cobertura de AB), seguida da Região 03 - Fronteira Oeste (com 37,8% de cobertura).
Considerações Finais: Das quatro regiões de saúde com maior número de inscritos, três estão entre os piores índices de cobertura da AB no estado do RS. Apesar dos dados desfavoráveis nessas regiões, a adesão significativa dos agentes destaca a importância de uma força de trabalho qualificada e comprometida. A adesão expressiva dos agentes, mesmo em regiões com índices desfavoráveis de cobertura de saúde, aponta para a potencial melhoria na qualificação e atuação desses profissionais, contribuindo para o fortalecimento do sistema de saúde regionalizado no estado do Rio Grande do Sul.