As estratégias micropolíticas do cuidado em saúde entre os indígenas urbanos de Manaus.

  • Author
  • FERNANDA KAVLAC
  • Co-authors
  • Lucas David de Souza Vital , Fabiana Mânica Martins
  • Abstract
  • No Amazonas, Manaus se destaca como o local com maior concentração de indígenas vivendo na zona urbana, esses realizaram um processo migratório à procura por melhoria da qualidade de vida e de maiores oportunidades de estudo e emprego. Ademais, a busca pelo reconhecimento de suas terras é outra motivação para essa mudança, visto que determinadas etnias residiam nessas regiões antes da colonização pelo branco. Tal entrave é o maior símbolo da marginalização desses povos, representando um descaso territorial e de saúde pública, visto que a terra é significado de acesso ao alimento, de preservação da cultura, da identidade e da vida indígena.

    Entretanto, essa migração traz a exclusão e o isolamento desses povos, ficando às margens das políticas governamentais e sendo negligenciados quanto à assistência das instituições públicas das áreas de saúde, educação e segurança. Assim, inicia-se  uma incessante luta e resistência sócio-política, em prol de liberdade cultural e reafirmação do seu reconhecimento jurídico como cidadãos.

    Nesse contexto, surge a Comunidade Parque das Tribos, que abriga aproximadamente 700 famílias de 35 etnias, tornando-se o maior bairro multiétnico do Brasil. A qual desafia a ideia de que os povos originários estão restritos às florestas e devem permanecer isolados da cidade. De fato, a capital também é considerada um território indígena, exigindo, portanto, a sua revitalização para a formulação de políticas públicas que levem em conta as especificidades culturais dos povos indígenas urbanos.

    Durante a pandemia de Covid-19, a Comunidade ficou mais exposta aos descasos de políticas públicas, mostrando a fragilidade do cuidado em saúde com os povos indígenas que vivem na cidade. Por isso, a maior defesa da vida, o melhor gerenciamento dos seus riscos de adoecer ou de progressão de suas enfermidades e a construção de ações que permitam uma autonomia do indivíduo são imprescindíveis. 

    Outrossim, sabendo que os povos indígenas dispõem de seus próprios sistemas de interpretação, prevenção e tratamento de doenças, precisa-se do reconhecimento e da compreensão dessa diversidade que quaisquer melhorias no estado de saúde dessa população devem englobar os conhecimentos e tecnologias da medicina ocidental com os saberes tradicionais. Tornando o conjunto de intervenções em saúde mais plural, público, transparente e engajado com os interesses e necessidades da população.

     

    A atenc?a?o prima?ria a? sau?de é uma estrate?gia a ser ofertada a toda a populac?a?o, incluindo os povos indi?genas, por meio de um modelo que vise a integralidade e universalidade, dessa forma buscando articulac?o?es intersetoriais, fortalecendo ideais de nutric?a?o e alimentac?a?o, participac?a?o comunita?ria e social, tal qual de incentivos a educac?a?o. A partir disso, surgem como componentes do Sistema U?nico de Sau?de, o subsistema de atenc?a?o a? sau?de indi?gena e a Poli?tica de Atenc?a?o a? Sau?de dos Povos Indi?genas. Apesar disso, iniciativas ainda apresentam poucos resultados, indo de encontro a uma participac?a?o social de fragilidade, associado a uma descontinuidade de cuidado por care?ncia de profissionais ou a alta rotatividade dos mesmos. Portanto, são necessários diagno?sticos interculturais que promovam a articulac?a?o dos conhecimento me?dico ocidental com os saberes tradicionais dos povos viventes na Comunidade Parque das Tribos.

  • Keywords
  • Saúde Indígena, Atenção Primária de Saúde, Estratégias de Saúde
  • Subject Area
  • EIXO 5 – Saúde, Cultura e Arte
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