Planificação da Atenção à Saúde: percepção de profissionais da Saúde em um município da Região Sul

  • Author
  • Elenir Terezinha Rizzetti Anversa
  • Co-authors
  • Jaquieli Ghrun Franco , Jackeline da Rocha Vasques , Marta Oliveira Barreto. , Sandra Denise de Moura Sperotto, , Maria Cristina Fernandes Ferreira , Pedro Augusto Crespo da Silva , Marcélli Osório Dall'Astra , Eliane Veiga Chomatas
  • Abstract
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    Apresentação: As condições crônicas, necessitam  que os princípios e diretrizes  do Sistema Único da Saúde (SUS) e da  Atenção Primária à Saúde(APS), sejam fortalecidos pela longitunadinalidade, na integralidade, coordenação e responsabilização sanitária para  melhoria da qualidade de vida dos usuários.Os sistemas de saúde necessitam mudar a lógica, de sistemas   fragmentados, para sistemas integrados em Redes de Atenção à Saúde (RAS), pois, o cuidado demanda eficácia e efetividade.

     Os serviços integrados pautam a melhoria da qualidade de saúde, reduz o desperdício no uso de recursos físicos, materiais e profissionais, alcançando maior eficiência e, ainda, uma experiência satisfatória aos usuários. 

    Os desafios dos sistemas de saúde, consistem em integrarem-se em RAS, que são disposições na organização de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, que buscam garantir a integralidade do cuidado tendo como elementos construtivos fundamentais: população, estrutura operacional e modelo de atenção. 

    O conhecimento profundo sobre a população usuária de um sistema de saúde, é o elemento básico para tornar possível e romper com a gestão baseada na oferta, característica dos sistemas fragmentados, e instituir a gestão baseada nas necessidades de saúde da população, ou gestão de base populacional, elemento essencial das RAS.

    A melhoria da RAS perpassa pela organização dos processos de trabalho das equipes de Atenção Primária à Saúde (APS), fundamentalmente pelo seu papel de ser a porta preferencial do acesso, coordenadora do cuidado e ordenadora da Redes de Atenção à Saúde (RAS). Para a efetivação e eficácia, se faz necessário, o desenvolvimento de habilidades e competências dos profissionais de saúde com uma metodologia de trabalho para a implementação dos micro e macroprocessos na lógica da construção social da APS na organização dos processos das Unidades de Saúde.

    O Conselho Nacional de Secretários da Saúde (CONASS), juntamente com o  Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS)- Beneficência Portuguesa/SP,  vêm  desenvolvendo a Planificação da Atenção à Saúde (PAS), que uma proposta metodológica com alinhamento teórico com oficinas presenciais, virtuais e tutorias para a apoiar o corpo técnico e gerencial das secretarias estaduais e municipais de saúde na organização dos macroprocessos da Atenção Primária à Saúde (APS) e da Atenção Ambulatorial Especializada (AAE).  Com isso,  o objetivo foi  promover a práxis,  sobre a necessidade de mudança no modelo  de atenção, para responder  aos principais  problemas a serem enfrentados e, melhorar os resultados da atenção, utilizando o Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MAAC), alicerçado na construção social da APS.

    A metodologia utilizada nas oficinas da PAS é a andragogia que utiliza como método de aprendizado o “vivido” das equipes de saúde, correlacionado como “fazer”, ou seja, a prática concreta com o conhecimento científico, desencadeando reflexão de aprendizados para mudanças conforme realidade e necessidade da população nos territórios.

    Objetivo: Relatar a percepção dos profissionais de saúde de um sobre as oficinas da Planificação da Atenção à Saúde em um município da região sul do Brasil.

    Desenvolvimento: Realizado um estudo descritivo, tipo relato de experiência, sobre a percepção dos profissionais em relação às oficinas da PAS, efetivadas em um município com 20.000 habitantes, com cinco equipes estratégias saúde da família. Foram realizadas oito oficinas com temáticas pré-definidas e customizadas conforme a realidade local. A  primeira oficina presencial ocorreu em outubro de 2022 e a dinâmica foi desenvolvida na sétima oficina, em novembro de 2023, conduzida pela facilitadora e dois apoiadores regionais e 40 profissionais de saúde.

     Foi utilizada para avaliação das oficinas a dinâmica dos 3 Qs  “Que bom”, para refletir as fortalezas, “Que tal”, para pensar nova maneiras de fazer e sugestões e “Que pena” para refletir sobre as fragilidades. Foram distribuídas tarjetas coloridas  e canetas para os presentes, com as três perguntas. Enfatizado o anonimato nas respostas, transparência na avaliação, sentimentos vividos e necessidades percebidas, fragilidades. Destacado que a importância da avaliação de cada um dos participantes com o objetivo de melhoria das próximas oficinas. Após a realização da dinâmica foi compartilhado o resultado com os presentes .

    Resultados.  Destacado as principais descrições: quanto as respostas do questionamento “que bom: “ proporcionou aprendizado”; “vi que é possível mudar”;  “maior integração entre profissionais e gestão”; “atualização” “retomar atividades que a gente fazia e parou de fazer “ “sei quem são minhas famílias de riscos: “ que voltaram  as reuniões de equipe”;“ que vocês nos visitam na ESF e a gente pode falar sem medo”; “que estou atualizada”; “com os processos organizados a gente para de apagar incêndio na ESF”;  “o que mais gostei foi ver a parte teórica e associar com a realidade”; “ que bom que entendi o que é Redes e sua importância”; “que vocês mostram o caminho”; “sei as pessoas idosas que precisam mais de cuidado”; “ que bom que estou mais por dentro do sistema de informação”; “ que bom que uniu a  equipe”; “que bom  que o que a gente não sabia fazer pedia ajuda para outras equipes que sabiam e ajudavam”; “apoio da gestão”.

     Quanto ao questionamento Que pena: “que pena que finalizou”, “que as oficinas foram poucas”; “ que vão embora”, “ que não abordaram saúde mental”, “poderiam ser mais direcionadas para os dentistas”, “que pena que não foram na nossa ESF”, “  que o tempo foi pouco para abordar mais cuidado apoiado”, “ que pena que não recebemos material das oficinas impresso”.

    As respostas sobre o questionamento Que tal: “mais temática sobre saúde bucal”; “que seja mais trabalhado a estratificação de risco para diabéticos e hipertensos”; “ que não sejam tão exigentes”; “ que seja disponibilizado mais tempos para realizar as ações do plano de ação”; “são muitas demandas ao mesmo tempo, planificação, exigências da coordenadoria”; “que as oficinas tenham mais dinâmicas”; “abordar saúde mental na APS”; “desenvolver mais o manejo clínico com diabéticos e hipertensos”; “ continuar as oficinas’, “ sonhar com a casinha. kkk”(Metáfora da casa).

    Considerações finais:  percebe-se que com o passar das oficinas, os profissionais foram entendendo que a PAS, não é mais uma demanda de atividades a serem realizadas pelos profissionais, que as ações estão no cotidiano do seu fazer e já postas em legislação do Sistema único de Saúde . A PAS é o método, traz ferramentas de como arranjar, planejar  e organizar o processo de trabalho.

    Os relatos demonstram que vários macroprocessos foram implementados e os profissionais sentem-se satisfeitos com a melhoria dos processo de trabalho no desenvolvimento do cuidados dos usuários.

    Evidencia-se, que a PAS, possibilitou as mudanças no fazer das equipes de saúde, conseguindo realizar a interface entre teoria e prática. Os profissionais percebem fragilidades e solicitam outras temáticas para a melhoria do cuidado.

     

  • Keywords
  • Planejamento em saúde, Redes de Atenção à Saúde, Atenção Primária à saúde
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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