Apresentação: O processo de envelhecimento ativo é definido como a otimização dos acessos à saúde, participação e segurança, a fim de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. A perda da autonomia e da independência podem ser acarretadas por episódios de quedas frequentes entre os idosos, o que leva ao comprometimento de sua capacidade funcional. Dentro desse contexto, a presença de fraqueza muscular, histórico de quedas, declínio cognitivo, déficit visual, de marcha e equilíbrio, idade igual ou superior a 80 anos são alguns dos fatores de risco determinantes para quedas. Visto que a participação da pessoa idosa em atividades físicas é assegurada por lei, é essencial por parte dos governos, das organizações internacionais e da sociedade civil, a implementação de programas de envelhecimento ativo, considerando que a autonomia e a independência são fundamentais durante esse processo. Dessa forma, o esporte atua como uma estratégia eficaz nesse processo, pois permite a interação social, acesso ao lazer, combate ao sedentarismo e cuidados com a saúde. Consequentemente, o exercício físico age na melhora ou na manutenção da função cognitiva ao longo do tempo, em relação a memória, raciocínio, atenção e aprendizagem. Além disso, promove autonomia, independência, melhora da capacidade funcional e das limitações advindas do processo de envelhecimento, atuando também na prevenção de doenças. Somado a isso, produz uma série de respostas fisiológicas e metabólicas positivas no organismo de seus participantes a longo prazo, como redução da pressão arterial e da frequência cardíaca. Quando realizada em grupo, atua na socialização e colabora com tratamento da depressão, pois previne o isolamento muito característico desse grupo. Todos esses benefícios, representam uma melhora da qualidade de vida para esses indivíduos. Frente aos benefícios proporcionados pela atividade física, sabe-se que o fisioterapeuta na Atenção Primária a Saúde (APS), é um profissional capacitado para ações de prevenção e promoção de saúde, colaborando com a equipe multiprofissional atuante no território, reforçando esse modelo na resolução de problemas de saúde identificados na comunidade, como aqueles causadores de redução da funcionalidade em idosos e geradores de incapacidades, impactando diretamente no processo de envelhecimento ativo. Diante disso, o objetivo desse estudo é relatar a experiência dos acadêmicos de Fisioterapia a partir do vôlei adaptado como estratégia fisioterapêutica para melhora do equilíbrio e da marcha de um grupo de idosos atendidos em uma comunidade em Vitória – ES. Desenvolvimento: As atividades foram realizadas em uma Unidade de Saúde da Família (USF) na comunidade de Jesus de Nazareth em Vitória-ES. Por se tratar de uma unidade-escola, ela oferece aos acadêmicos a experiência de vivenciar o cuidado integral e contínuo de saúde proporcionado pela atenção primária. A unidade possui um programa de envelhecimento ativo e prevenção de quedas, desenvolvido pela equipe de fisioterapia, denominado ATIVAidade. Neste grupo são realizadas atividades voltadas ao público idoso durante quatro dias da semana, com duração entre 40 minutos a 1 hora por dia. É composto por cerca de 20 pessoas com idade ? 60 anos que possuem déficits físicos e cognitivos, como o desequilíbrio, osteoporose, sarcopenia, diminuição da capacidade pulmonar, alterações na atenção e na capacidade de multitarefas, além das comorbidades crônicas como HAS e DM e sequelas provenientes do AVC. As atividades propostas têm como objetivo acompanhar as condições de cada indivíduo e minimizar a perda de funcionalidade, mantendo o indivíduo com autonomia para realizar as tarefas de vida diária. As modalidades de exercícios envolvem circuito funcional, atividades com dupla-tarefa, exercícios resistidos associados às modalidades anteriormente citadas, além da prática de exercícios respiratórios. Dentro deste programa, foi incluído a prática contínua de esportes e o vôlei adaptado se mostrou como ferramenta eficaz para alcançar os objetivos propostos, sendo realizado 1 vez durante a semana, por 40 minutos, no período de um mês, além das demais atividades executadas nos outros dias da semana. A nova configuração dada a esse esporte, consistiu em adaptar a forma de passar a bola entre os jogadores, de forma que cada um a agarrasse, e no terceiro passe, arremessassem-na para o time adversário, variando intensidade, velocidade e direção. Uma outra adaptação, foi solicitar que após o terceiro arremesso, os jogadores do time atacante trocassem a posição entre si no sentido horário, visando trabalhar os objetivos já citados, somado ao condicionamento cardiorrespiratório fornecido pela corrida, além do raciocínio. Resultados: Após as quatro semanas, foi possível observar que os participantes obtiveram melhora significativa do equilíbrio, sendo possível aprimorar os exercícios e deixar o vôlei adaptado ainda mais dinâmico. A partir dessa conquista, a marcha foi outro fator de melhora, visto que, com a melhora do equilíbrio, por consequência, a segurança de caminhar e a maneira como exercem esta habilidade obteve uma evolução notável. Uma demanda encaminhada pelo médico de que um dos participantes apresentava quedas da saturação de oxigênio, mostrou na prática o quão benéfico é para a pessoa idosa a prática de exercícios. A equipe de fisioterapia iniciou o monitoramento antes e após os exercícios. Com isso, foi perceptível que a saturação de oxigênio se elevava após os exercícios e a fadiga foi considerada leve a moderada, segundo a escala de Borg. Além disso, outro benefício observado foi o sucesso obtido quanto a educação em saúde, pois a partir do monitoramento da pressão arterial dos participantes, alterações foram identificadas possibilitando a orientação quanto aos riscos existentes e os cuidados necessários. Por fim, outra percepção trazida foi a questão social entre os idosos, que puderam interagir entre si, com competitividade, estratégia e de maneira amigável. Considerações finais: A implementação dessa prática foi uma estratégia eficaz na manutenção e promoção de saúde da comunidade. Os resultados mostraram uma melhora significativa na funcionalidade do grupo. Dessa forma, foi possível notar a importância do acompanhamento e a progressão das tarefas executadas, explorar os limites e comemorar as evoluções dos participantes. Além disso, a equipe de fisioterapia, em comum acordo, concordou em manter a prática regular de esportes no grupo de idosos, para proporcionar diferentes intensidades e modalidades, aumentando os benefícios já citados e influenciando a participação nas atividades. Vale destacar a relevância da visão fisioterapêutica quanto a implementação de estratégias que envolvem desde a promoção à reabilitação, destacando a integralidade do indivíduo, promovendo o cuidado necessário para alcançar os objetivos propostos para população idosa da comunidade. Sendo assim, o impacto da prática de exercícios no grupo de idosos na atenção primária reforça a necessidade de integrar esse serviço com qualidade e excelência, e a fisioterapia como intervenção essencial na promoção da saúde, funcionalidade e envelhecimento saudável.
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