Mortalidade Infantil por doenças do aparelho respiratório no estado de Pernambuco: uma análise de dados de 2017 a 2021

  • Author
  • Natália Cavalcanti de Araújo Lyra
  • Co-authors
  • Any Franciely Rodrigues Neves Farias , Lara Cardoso Tenório , Luíz Carlos David de Almeida Filho , Flávia de Azevedo Florêncio Colombo , Maria Consuêlo Figueredo Monteiro de Moraes , Rosa Helena Fialho , Isabella Medeiros de Oliveira Magalhães , Thalita Analyane B. de Albuquerque
  • Abstract
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                A mortalidade infantil é um indicador crucial da saúde pública, refletindo a qualidade dos sistemas de saúde, o nível socioeconômico e as condições de vida das populações. No contexto brasileiro, esforços significativos têm sido feitos para reduzir essas taxas, através de programas de vacinação, melhorias na atenção primária à saúde e políticas de saneamento básico. A inclusão da vacina pneumocócica no calendário vacinal é um exemplo de intervenção eficaz que tem contribuído para a diminuição das mortes por pneumonia. Este trabalho pretende contribuir para o conhecimento sobre a mortalidade infantil por doenças respiratórias em Pernambuco e reforçar a importância de intervenções específicas e contínuas para a promoção da saúde infantil.

    As doenças respiratórias ainda representam um problema significativo na mortalidade infantil, com a pneumonia sendo uma das principais causas evitáveis de morte em crianças menores de cinco anos. Apesar de um declínio nos últimos anos, essas doenças continuam a ser um desafio de saúde pública, especialmente em regiões com acesso limitado a cuidados médicos e infraestrutura inadequada. Diante disso, o objetivo deste trabalho é analisar a mortalidade infantil por causas relacionadas ao aparelho respiratório no Estado de Pernambuco, destacando a importância de intervenções de saúde pública e a necessidade de monitoramento constante.

    Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo descritivo, de série temporal, que tem como objetivo analisar a taxa de mortalidade infantil por causas relacionadas ao aparelho respiratório no estado de Pernambuco no período correspondente de 2017 a 2021. Os resultados foram analisados por estatística descritiva simples. 

            Os estudos descritivos têm por objetivo determinar a distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o tempo, o lugar e as características dos indivíduos. A epidemiologia descritiva examina como a incidência ou a prevalência de uma doença ou condição relacionada à saúde varia de acordo com determinadas características, como sexo, idade, escolaridade e renda, entre outras. Somado a isso, quando a sequência de dados quantitativos se relaciona com momentos específicos e é analisada por sua distribuição no tempo, o estudo também é classificado como de série temporal.

    A pesquisa para o desenvolvimento desse estudo foi realizada pela busca de dados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), através do Sistema de Informação de Mortalidade - SIM. O DATASUS disponibiliza informações que podem servir para subsidiar análises objetivas da situação sanitária, tomadas de decisão baseadas em evidências e elaboração de programas de ações em saúde (TABNET). Utilizou-se também dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para estimar o tamanho da população. 

            O intuito de ter coletado os dados mais recentes foi para se observar como está se relacionando a taxa de mortalidade infantil por causas associadas ao aparelho respiratório no decorrer dos últimos cinco anos. Estas causas são por pneumonia, infecções respiratórias agudas e restante de doenças do aparelho respiratório.

            Os resultados estão apresentados nos números absolutos e proporções. O coeficiente de mortalidade infantil foi calculado pelo método direto a partir da razão entre o número de óbitos de menores de um ano de idade por problemas respiratórios e o número de nascidos vivos, multiplicado por mil, no período analisado. 

     

    No Estado de Pernambuco, entre 2017 e 2021, houve um total de 8.055 mortes infantis, das quais 233 foram decorrentes de doenças associadas ao aparelho respiratório. A principal causa de morte foi a pneumonia, com 126 óbitos. Outras infecções respiratórias agudas resultaram em 33 óbitos, enquanto o restante das doenças do aparelho respiratório totalizou 74 óbitos.

    Ao analisar os dados sobre a taxa de mortalidade infantil em Pernambuco por pneumonia no período de 2017 a 2021, verificou-se um total de 126 óbitos, com um coeficiente de mortalidade de 9,32. Em 2017, houve uma frequência absoluta de 26 óbitos e um coeficiente de 1,9. Em 2018, a frequência absoluta foi de 33 óbitos, com um coeficiente de mortalidade de 2,36. Em 2019, a frequência absoluta foi de 42 óbitos, com um coeficiente de mortalidade de 3,12. No ano de 2020, a frequência absoluta foi de 8 óbitos e o coeficiente de mortalidade foi de 0,61, evidenciando uma diminuição importante no número de óbitos. Por fim, em 2021, a frequência absoluta foi de 17 óbitos, com um coeficiente de mortalidade de 1,33.

    Ao analisar a tendência de mortalidade infantil por infecções respiratórias agudas nos anos de 2017 a 2021 no Estado de Pernambuco, percebe-se um total de 33 mortes e um coeficiente de mortalidade de 2,46. Em 2017, houve uma frequência absoluta de 10 óbitos e um coeficiente de mortalidade de 0,73. Em 2018, a frequência absoluta foi de 6 óbitos e o coeficiente de mortalidade foi de 0,43. Em 2019, a frequência absoluta foi de 5 óbitos e o coeficiente de mortalidade foi de 0,37. Já em 2020, ocorreu uma queda significativa no número de mortes, com uma frequência absoluta de 3 óbitos e um coeficiente de mortalidade de 0,31. Em 2021, a frequência absoluta foi de 9 óbitos e o coeficiente de mortalidade foi de 0,70.

    Os dados sobre a taxa de mortalidade infantil por outras doenças do aparelho respiratório em Pernambuco entre 2017 e 2021 mostraram um total de 74 mortes e um coeficiente de mortalidade de 5,51. Em 2017, a frequência absoluta foi de 18 óbitos, com um coeficiente de mortalidade de 1,31. Em 2018, a frequência absoluta foi de 22 óbitos e o coeficiente de mortalidade foi de 1,58. Em 2019, ocorreu uma queda nos números de mortes, com uma frequência absoluta de 8 óbitos e um coeficiente de mortalidade de 0,60. Em 2020, a frequência absoluta foi de 11 óbitos e o coeficiente de mortalidade foi de 0,85. Em 2021, a frequência absoluta foi de 15 óbitos e o coeficiente de mortalidade foi de 1,17.

        A mortalidade infantil por doenças respiratórias, especialmente pneumonia, permanece como uma preocupação significativa, sendo a principal causa de internações e óbitos entre crianças. No Brasil, embora essas doenças ainda apresentem altos índices, houve uma redução notável nos últimos dez anos, atribuída em grande parte à inclusão da vacina pneumocócica no calendário vacinal. Esse avanço ressalta a importância das campanhas de vacinação e da continuidade na distribuição das vacinas.

    Além disso, é crucial realizar mais estudos epidemiológicos detalhados em cada região do país para identificar os principais fatores de risco e condicionantes, permitindo a implementação de estratégias específicas e eficazes para reduzir ainda mais esses índices. A análise contínua e a adaptação das estratégias de saúde pública são essenciais para manter e acelerar essa tendência de declínio na mortalidade infantil.

    Outra abordagem importante é o fortalecimento da atenção primária à saúde, garantindo que todas as crianças tenham acesso a cuidados médicos de qualidade desde o nascimento. Investimentos em infraestrutura hospitalar, formação de profissionais de saúde, e programas de educação para as famílias sobre a importância da higiene e da nutrição são fundamentais para prevenir doenças respiratórias.

     

     

     

     

     

     

     

  • Keywords
  • mortalidade infantil, doenças respiratórias, vigilância em saúde, saúde coletiva
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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