Este trabalho visa refletir sobre a importância do diálogo para estimular o “empoderamento” na Promoção em Saúde. É premente trabalharmos em prol de sociedades mais justas, pacíficas e sustentáveis, para isso é imprescindível que realmente possamos empoderar as pessoas e comunidades para lutar por seus direitos. Mas como promover o diálogo na Promoção de Saúde de forma que realmente promova o empoderamento? A pesquisa é bibliográfica e realizada com base na experiência de preparação de estudantes de medicina do segundo semestre em preparação para realizar atividades de Educação em Saúde. Inicialmente, apresentar-se-á o conceito de “saúde” apresentado a partir da Carta de Ottawa produzida na I Conferência Internacional de Saúde em 1986; em seguida, vamos explicitar o que se entende por empoderamento com base em Paulo Freire; e, por fim, distinguiremos diálogos que produzem empoderamento de diálogos que minam a autonomia dos sujeitos. Em 1986 durante a I Conferência Internacional de Saúde discute-se sobre a Promoção de Saúde e documenta-se na Carta de Ottawa a compreensão de que a promoção da saúde se dá através de um processo que promove um maior controle sobre a própria saúde sendo capaz de mobilizar recursos pessoais e sociais. Essa autonomia que permite o ser humano ter maior controle sobre sua própria saúde e conseguir mobilizar recursos passa necessariamente por uma ampla compreensão da realidade, consciência de direitos, desenvolvimento de uma capacidade de perceber problemas na realidade que podem ser superados através de políticas públicas e da proatividade para participar de decisões sociais. Aspectos estes abordados por Paulo Freire quando desenvolveu sua obra Pedagogia para Autonomia em 1996 no qual apontava a importância da educação para o desenvolvimento desse “empoderamento” do sujeito na medida em que desenvolve sua autoestima, porque baseada no respeito à autonomia de cada um, consciência crítica e autonomia para transformar a realidade que considera problemática. E isso tudo a partir do diálogo respeitoso pautado pela alegria e esperança. Assim, não é qualquer diálogo que pode promover o “empoderamento”, porque nem todo diálogo pressupõe o respeito à autonomia dos sujeitos. E um diálogo respeitoso, além de produzir “empoderamento”, condição para a busca por sociedades mais justas, pode inclusive auxiliar para a adesão ao tratamento na área da saúde. Assim, é de suma importância desenvolvermos as habilidades necessárias para que os profissionais da saúde sejam capazes de fazer uma promoção da saúde pautada no diálogo cuidadoso e respeitoso que reconheça a autonomia e a liberdade das pessoas para decidirem sobre sua própria saúde.