A gestação implica uma série de mudanças hormonais, comportamentais e psicológicas que podem impactar na saúde bucal. Sob esse âmbito, o aumento do suprimento dos tecidos periodontais, o aumento na ingestão de alimentos açucarados e as dificuldades na manutenção dos hábitos de higiene oral durante essa fase são responsáveis pela maior ocorrência ou progressão de mazelas como a cárie dentária, gengivite e periodontite. Paralelamente, os primeiros anos de vida da criança são importantes para o estabelecimento de hábitos saudáveis, dentre eles os relacionados à higiene oral. Assim sendo, os conhecimentos obtidos nessa etapa determinam, potencialmente, como serão os comportamentos do indivíduo por toda a vida, visto que as mudanças de hábitos são desafios complexos. Assim, torna-se importante avaliar as relações entre determinantes e desfechos em saúde bucal nesses períodos. Posto isso, o objetivo do presente trabalho é relatar a experiência de dois alunos de iniciação científica (ICs) que integram a equipe composta também por mestrandos, doutorandos e professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas da UFSM nas coletas de uma coorte odontológica, envolvendo gestantes e seus bebês. A primeira etapa da coleta de dados, constituída pela aplicação de questionário e exame clínico, foi realizada no ano de 2022, durante o pré-natal gestacional, nas Unidades Básicas de Santa Maria, com uma amostra de 520 gestantes. A segunda etapa da coleta está sendo realizada no ano de 2024 através da aplicação dos questionários por meio de ligações telefônicas realizadas pelos ICs, totalizando 2 anos de acompanhamento. Os empecilhos para a obtenção de contato telefônico foram significativos, visto que a logística envolveu desde o agendamento de horários com disponibilidade para a realização dos questionários até os problemas no estabelecimento do contato (mudanças de número, ligações não atendidas, dentre outros). A aplicação do questionário permitiu a exploração de diferentes abordagens e técnicas de manejo, pois continha questões de natureza pessoal que poderiam repercutir de maneiras variadas. Nesse sentido, a abordagem realizada pelos ICs desempenhou um papel crucial na adesão e na qualidade das respostas.Outrossim, a participação dos ICs contribuiu significativamente no processo de conhecer diferentes realidades, vivenciar as etapas de um projeto de pesquisa, experienciar coletas através da aplicação de questionário por ligação telefônica e relacionar fatores contextuais e desfechos em saúde bucal das gestantes e seus bebês. Dessa forma, percebe-se a importância da presença de graduandos em projetos de pesquisa, uma vez que permite a consolidação de competências referentes às abordagens metodológicas relacionadas a esse processo e incentiva a autonomia e a eficiência dos alunos na pesquisa e na busca por conhecimento baseado em evidências.
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