A Doação e Transplante de Órgãos no Brasil é regulamentada pela Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, e pelo Decreto nº 9.175, de 18 de outubro de 2017. O processo ocorre de forma sistemática, envolvendo equipes multiprofissionais de hospitais notificantes, hospitais transplantadores e centrais estaduais (CETs) e nacional de transplantes (CNT), regido pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) por meio do Sistema Informatizado de Gerenciamento – SIG. Nesse contexto, o enfermeiro atua realizando notificação compulsória de morte encefálica, seleção e distribuição de órgãos e tecidos aos receptores em lista, bem como na logística adequada que contemple a captação e o implante no hospital de destino, culminando no transplante, seja a partir de doador falecido ou de intervivos. O presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência de um acadêmico de enfermagem atuando em estágio no período de 1 ano e 3 meses em uma Central Estadual de Transplantes no Amazonas. O método utilizado foi um estudo descritivo do tipo relato de experiência, de caráter observacional e experimental, de um graduando de enfermagem em estágio remunerado na Central de Transplantes do Amazonas, no período de fevereiro de 2023 até a presente data, extraído do cotidiano de enfermeiros atuantes no processo de doação de órgãos e transplantes. Os resultados obtidos evidenciaram que, para melhor compreensão do trabalho, foi necessário imergir na temática, realizando uma busca na literatura, nas diretrizes e na legislação atualizada referente ao tema, assim como na Resolução do CFM nº 2.173/2017, que define os critérios do diagnóstico de morte encefálica. A partir do arcabouço da literatura, observou-se no cotidiano dos enfermeiros que a tomada de decisão é uma atividade ímpar no processo. A utilização de instrumentos como formulários e checklists em todas as etapas traz resultados seguros e garante qualidade, reduzindo tempo e facilitando a comunicação entre os enfermeiros. Em caráter experimental, conhecer a atuação do enfermeiro, sua importância e autonomia, trouxe resultados impactantes na construção da formação do enfermeiro, frente à compreensão das fases: notificação de potencial doador, manutenção, validação da doação e captação dos órgãos. Isso se configurou como uma experiência enriquecedora, não apenas pelos ganhos curriculares, mas também trazendo perspectivas futuras de trabalho na enfermagem, na vivência pessoal e na compreensão de que o ciclo da vida não acaba no evento da morte. Conclui-se que, nessas circunstâncias, as experiências vivenciadas no campo de prática da central de transplantes contribuem para referenciais positivos e sustentadores na formação enquanto futuro profissional enfermeiro, trazendo à baila o grau de importância em todas as etapas da doação de órgãos e transplantes, na tomada de decisão, no alinhamento das ações junto à equipe multiprofissional, e maior sensibilidade ao enfermeiro, frente ao seu papel social de grande relevância para a sociedade. Isso se traduz no gesto nobre da doação de órgãos, sobretudo porque o enfermeiro possui domínios gerencial, educador e executor na efetivação das práticas assistenciais necessárias para sua atuação no campo da doação e transplantes.