A inatividade física caracteriza-se como uma “pandemia” que atinge um em cada três adultos em todo o globo. Tal circunstância, é extremamente preocupante e necessita de uma atenção especial uma vez que esse dado torna a inatividade física como um dos fatores com maior correlação de mortes no mundo.
Existe um diálogo forte entre autores, e que vem em um crescente movimento, de que a inatividade física promove o desenvolvimento e aceleração de várias patologias, muitas delas conhecidas e fortemente instaladas em território nacional. A Organização Mundial da Saúde (OMS) só reconheceu a inatividade física como fator de risco em 1992. Em publicação recente foi estimado que a inatividade física causou 6% da carga de doenças do coração, 7% do Diabetes Tipo 2, 10% do câncer de mama e 10% do câncer de cólon.
Em nível mundial, existem vários movimentos recentes, que estão abordando cuidados e hábitos de estilo de vida ativo, levando em consideração esse aumento dos índices de sedentarismo. Um deles, é o Plano de Ação Global para a Atividade Física 2018-2030, que prevê uma redução nos índices de inatividade física a nível mundial em 15% neste período. Para além disso, busca estimular que outros países também desenvolvam políticas que beneficiem seus territórios, através da prática de atividades e exercícios físicos.
No mesmo viés e seguindo uma linha de projeto instigada pela OMS. Entretanto, com uma abrangência a nível nacional, em 2022, o Ministério da Saúde desenvolve e aprimora políticas públicas relacionadas à atividade física com o propósito de atrair a participação da comunidade, e a buscar um estilo de vida mais ativo em consonância com a tendência de estilo de vida ativo, que os governos a nível mundial estão se propondo a desenvolver.
Considerando seu impacto na promoção da saúde e no processo saúde-doença, a atividade física tem sido destacada como uma das prioridades nas políticas públicas de saúde do Brasil, especialmente na Política Nacional de Promoção da Saúde. A compreensão da atividade física como um direito das pessoas foi reforçada com sua inclusão, em 2013, como um fator determinante e condicionante da saúde na Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (Lei n. 8.080/1990), evidenciando a importância de iniciativas para ampliar o acesso e a oferta de atividades físicas em todo o país.
Nessa perspectiva, a Atenção Primária à Saúde exerce um papel fundamental no desenvolvimento da prevenção e promoção da saúde por meio das práticas corporais de movimento. Desse modo, após o reconhecimento do território, foi possível entender o modo de vida e como as pessoas e/ou grupos se organizam e se relacionam, observou-se também, um grande quantitativo de idosos, com doenças crônicas, diante dessa percepção, buscou-se atender as necessidades desse público. Organizou-se assim, um grupo de atividade física, com ênfase na população idosa, mas podendo ser acessado pela população geral, com o objetivo de estimular uma vida fisicamente ativa que contribui para a manutenção da saúde em todas as idades, sendo fundamental para o pleno desenvolvimento humano.
Por meio desta iniciativa, alguns profissionais, dentre eles se destacam, profissional de Educação Física, assistente social, enfermeiras, farmacêutica e nutricionista, residentes do Programa Multiprofissional em Saúde da Família UNIJUÍ/FUMSSAR estruturaram um grupo de caminhada com o intuito de fomentar e promover um estilo de vida saudável, incluindo a prática de atividade física diária, bem como estimulando uma alimentação diversificada, redução da automedicação, empoderando-os de conhecimento quanto às patologias prévias existentes, promovendo assim mais qualidade de vida aos usuários.
O grupo de caminhada é realizado uma vez na semana, com duração de uma hora. Para iniciar a atividade, é realizada uma sessão de alongamentos, com aproximadamente 5 a 7 minutos. A partir desse momento, inicia-se a caminhada, durante a realização, frequentemente é utilizado a escala de Borg adaptada para verificar o nível de dispneia dos indivíduos durante o exercício físico. Para isso, é realizada a seguinte pergunta para os usuários “de 1 a 10 qual o seu nível de cansaço, sendo que ‘1’ representa sem fadiga e ‘10’ significa uma fadiga muito excessiva. Com base na resposta dos usuários, é orientado a intensidade da caminhada, para baixar ou elevar um pouco a frequência cardíaca (FC). E dessa forma, desenvolver o princípio da sobrecarga e promover o estímulo necessário.
Até o momento, os participantes do grupo possuem idade entre 65 e 75 anos, por mais que o grupo seja livre, ou seja, aberto para a comunidade o público presente até o momento fica nessa faixa etária. Além disso, como o grupo encontra-se em um estado de iniciação, é composto por 10 participantes, contudo, a divulgação é contínua para aumentar ainda mais a participação dos usuários.
Durante a caminhada, devidamente acompanhada pelo profissional de Educação Física, outros profissionais da área da saúde acompanham a atividade, em uma proposta inovadora e de participação ativa. Profissionais da Nutrição, Enfermagem e Farmácia acompanham o grupo sanando dúvidas sobre alimentação, medicamentos e patologias em geral, o que agrega em conhecimento e estimula ainda mais a participação dos usuários.
Com o passar das semanas, é notável a evolução dos usuários com relação a aptidão física. Inclusive, visto pela percepção dos próprios participantes, através de relatos. Aluno 1 “No primeiro dia do grupo, conseguisse realizar 4 voltas no complexo da universidade, (aproximadamente 300 metros cada volta) na quarta semana de atividade consigo realizar 6 voltas”. Com esse relato, fica evidente os benefícios da atividade física para as atividades rotineiras. Alguns exemplos dessa melhora de condicionamento físico é conseguir ir até um supermercado ou farmácia, conseguir brincar com os netos, ir até a casa de um amigo ou familiar sem esforços excessivos, melhorando assim a sua qualidade de vida.
Outro relato de usuário participante do grupo foi “Venho nas caminhadas pois são realizadas em grupo, sozinha não viria”. Esse feedback é de suma importância, pois remete aos vínculos que a atividade física proporciona e a importância no coletivo e nos grupos de socialização, desenvolvendo também a saúde mental dos participantes. A proposta do grupo multiprofissional dentro das atividades físicas, e de forma participativa se torna inovadora, além disso, contribui de forma efetiva na promoção da saúde dos usuários. Essas ações contribuem para a promoção da saúde de forma mais ampla e abrangente, trabalhando no aspecto biopsicossocial e estimulando a participação da comunidade, principalmente em entender a importância de um estilo de vida ativo, para a melhora da sua qualidade de vida.