Introdução: o programa de estimulação precoce (EP) enquanto componente da Linha de Cuidado Materno-Infantil (LCMI) pode ser entendido como um conjunto de ações estratégicas e técnicas terapêuticas que visam estimular a maturação, bem como, favorecer e/ou minimizar eventuais prejuízos ao desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) da criança menor de 03 anos de idade conforme necessidades avaliadas precocemente por equipe multiprofissional. A execução do programa EP depende da característica de gestão de cada município ou regional, as quais se apresentam de formas distintas. Sendo objetivo deste estudo a discussão sobre os desafios impostos ao ambulatório de estimulação precoce (AEP) localizado ao norte de um Estado sul-brasileiro. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma pesquisa qualitativa com perspectiva cartográfica, recorte de uma tese de doutorado, que utilizou-se de ferramentas como: o usuário-cidadão-guia (UCG) enquanto dispositivo para nos conduzir durante sua trajetória rumo ao cuidado em saúde; o Diário Cartográfico (DC) enquanto recurso para anotações e apreensão dos acontecimentos. Tendo como ponto de partida para a pesquisa o Ambulatório de Estimulação Precoce (AEP) localizado nas dependências de um Consórcio de Especialidades em Saúde de um município de grande porte da região sul do país, no período compreendido de outubro/2020 a outubro/2021. As narrativas produzidas foram originadas a partir da experiência da equipe multiprofissional da saúde que atende crianças com necessidade de melhorar sua capacidade no DNPM por meio da estimulação precoce nos primeiros anos de vida, as quais são encaminhadas pelos serviços de saúde dos municípios participantes do consórcio de uma determinada regional de saúde. Resultados: É consenso que o programa nacional de EP se faz necessário às crianças que apresentam déficit na capacidade de DNPM. Contudo a equipe do AEP encontra alguns desafios para a manutenção do seu processo de trabalho como, por exemplo: contratos trabalhistas frágeis e a rotatividade de profissionais de saúde que causam situações de insegurança e sofrimento à equipe de referência. Embora fossem esperadas que tais dificuldades pudessem reduzir a potência de agir das trabalhadoras do AEP, as mesmas têm concentrado suas energias na produção do cuidado em saúde, sendo predominante o uso das tecnologias leves em suas práticas diárias o que tem se configurado como ponto forte no atendimento de familiares e crianças que buscam por um cuidado integral e singular. Considerações finais: Cabe às macropolíticas além da proposição de diretrizes do cuidado, estimular os Estados e Municípios a reconhecerem e valorizarem a operacionalização das mesmas, uma vez que a insegurança trabalhista, dentre outras situações, podem interferir na produção de vínculo entre trabalhadores-usuários, bem como, na integralidade das ações em saúde que visam uma terapêutica adequada e em tempo oportuno às crianças que precisam de estímulos precoces para seu DNPM.