Apresentação: A doença de Parkinson (DP) é um distúrbio motor progressivo causado pela perda das células dopaminérgicas centrais, cujos sintomas mais comuns incluem tremor em repouso, bradicinesia, rigidez e instabilidade postural, os quais gradualmente conduzem o indivíduo à imobilidade e à incapacidade. Quando o envelhecimento está associado a DP os prejuízos funcionais são ainda maiores em diferentes níveis de estrutura e função do corpo, resultando em um declínio completo das capacidades físicas associados à cognição, força muscular, integridade articular, flexibilidade, coordenação e agilidade, que levam a uma maior instabilidade postural e, consequentemente, a um risco aumentado de quedas. Com o avançar da doença, as deformidades posturais e estruturais decorrentes dos declínios físicos resultam em intolerância ao exercício nessa população. Diante deste contexto, o Timed Up and Go (TUG) é um teste simples, de baixo custo e de ampla utilização no cenário clínico e científico, utilizado para avaliar a capacidade funcional e predizer o risco de queda em idosos, sendo igualmente válido para a população com doença de Parkinson. Seu desempenho está relacionado a caminhada, mudanças de postura e de direção durante a fase da marcha, no qual é avaliado o tempo gasto, em segundos, para completar um percurso. A capacidade funcional de indivíduos com DP difere de pessoas sadias, pois as fases da marcha ocorrem de forma mais lenta. A diminuição da velocidade da marcha está associada ao aumento do tempo nas fases de apoio e de duplo apoio, assim como à redução do comprimento da passada. Como resultado, a dificuldade de fazer curvas é relatada, o que aumenta o risco de quedas. Achados da literatura evidenciam que pacientes com DP alcançam resultados inferiores quando comparados a indivíduos saudáveis na realização do TUG e descrevem para essa população pior mobilidade funcional. Objetivo: Avaliar a capacidade funcional de indivíduos com doença de Parkinson assistidos em uma clínica-escola de fisioterapia por meio do teste Timed Up and Go (TUG). Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo observacional transversal descritivo, aprovado pelo comitê de ética da EMESCAM sob o parecer n° 5.783.735. A amostra foi composta por 22 pacientes assistidos no setor de neurologia de uma clínica-escola de fisioterapia em Vitória, ES, durante o período de março a maio de 2023. Foram incluídos pacientes com diagnóstico clínico da doença que concordaram em assinar o termo de consentimento. Excluíram-se da pesquisa, pacientes com outras doenças neurodegenerativas associadas, pacientes que apresentaram uma pontuação no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) ? 23 e na escala de incapacidade para DP Hoehn e Yahr (HY) um estágio igual a 5. Os instrumentos utilizados para coletar os dados incluíram uma ficha de avaliação com as variáveis sexo, idade, raça, estado civil, escolaridade, renda, cidade, tempo de diagnóstico, presença de cuidador e o estadiamento da doença pela escala HY, bem como a utilização do teste funcional Timed Up and Go. O teste registra o tempo que o participante levou para levantar-se de uma cadeira com encosto, sem usar os braços para apoio, caminhar por uma distância de três metros, dar meia volta, voltar e sentar-se novamente. O tempo gasto para realizar o teste (< 10 segundos) considera um risco baixo de queda, (10 – 19 segundos) um risco médio e (> 20 segundos) um elevado risco de queda. Os participantes receberam instruções sobre como realizar o teste, e o tempo foi registrado usando um cronômetro digital. Os dados foram tabulados em uma planilha Excel-Office e analisados pelo programa IBM versão 29. As variáveis de natureza categórica foram analisadas por meio de frequências e percentuais, e as numéricas por meio de medidas de resumo de dados como média (DP) e mediana (min-máx). Resultados: 11 participantes atenderam aos critérios de inclusão e compunham a amostra final. A média de idade variou de 63,9 ± 6,4 anos e os participantes, em sua maioria, eram do sexo masculino (54,5%), brancos ou pardos (91%), sem companheiros (54,4%), com o ensino médio completo (54,4%), possuíam uma renda menor que um a três salários-mínimos (91%), eram moradores da cidade de Vitória, ES (63,6%), apresentaram um tempo de diagnóstico com média de 8,0 ± 5,4 anos e um estadiamento da doença pela escala HY um estágio de 2,5 da doença (36,6%), sem a necessidade de cuidador (81,8%). A média de tempo para realização do Time Up and Go pelos indivíduos foi de 12,0 ± 4,12 segundos, com uma mediana de 11 segundos. O menor tempo para realização do teste foi de 7,0 segundos e o maior tempo de 21 segundos. Com relação ao risco de queda, (36,4%) foram classificados com baixo risco, enquanto (54,5%) apresentaram um médio risco, apenas (9,1%) demostraram elevado risco de queda. Os resultados da presente pesquisa indicam que os participantes estão mais propensos a cair, apresentando um risco médio de queda. Considerações finais: O Time Up and Go, além de ser um excelente preditor de quedas, é uma ótima opção para avaliar a mobilidade funcional em indivíduos com doença de Parkinson, pois se relaciona bem com dificuldades funcionais inerentes a própria doença. Na atual pesquisa, a maioria dos participantes levaram maior tempo para completar o Time Up and Go e foram classificados com médio risco de queda. Os resultados evidenciam a importância de alertar os fisioterapeutas e toda equipe multiprofissional que cuida destes pacientes sobre a importância da prática regular do exercício aeróbio o mais precocemente possível, de forma contínua, para prevenir o declínio da capacidade funcional, evitando assim o ônus provocado pelo imobilismo e internações por complicações secundárias. O exercício aeróbio atenua a progressão dos sintomas motores e não motores da doença de Parkinson, além de melhorar o condicionamento físico e reduzir a atrofia cerebral. Ademais, a promoção de atividades que ativem os circuitos cognitivos e sensoriais, essenciais para a realização da dupla tarefa, é de suma importância para retardar as compensações que ocorrem nas várias etapas do controle postural, favorecendo o ganho do equilíbrio e coordenação, e devem ser primordiais no processo de reabilitação destes pacientes. Sendo assim, pesquisar e instigar essa temática se faz relevante, para que um cuidado integral e centrado nas necessidades do paciente possa ser alcançado, a fim de trazer funcionalidade e qualidade de vida.