Pacientes com necessidades especiais são os que possuem alguma malformação congênita, alterações comportamentais ou alterações físicas adquiridas. Nesse sentido, deficiências visuais, auditivas ou motoras podem ocorrer, sendo permanentes ou temporárias e provenientes de causas naturais (como o envelhecimento) ou de acidentes. No Brasil, estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBE) referentes ao ano de 2010 indicam que, aproximadamente, 23,9% da população possuía algum tipo de deficiência. Com isso, a prática clínica odontológica pode, por vezes, precisar de certas adaptações para atender esses pacientes da melhor maneira possível em todas as especialidades, sendo a endodontia uma delas. Posto isso, o objetivo deste trabalho é construir, com uma revisão de literatura, um manual para direcionar os dentistas no atendimento endodôntico a pacientes especiais. Para tanto, foi realizada uma revisão de literatura acerca do atendimento odontológico a pacientes com necessidades especiais, com buscas na base de dados Google Scholar durante o ano de 2023, utilizando os descritores “tratamento endodôntico” e “pacientes especiais”. O operador booleano “AND” foi utilizado para articular esses termos. Aplicou-se um filtro de busca para estudos publicados em um intervalo de 10 anos (2013 a 2023). Inicialmente, foram obtidos 5150 resultados para serem analisados. Foram excluídos aqueles estudos em idiomas diferentes de português, artigos anteriores a 2013, revisões sistemáticas, revisões narrativas, editoriais e estudos que não estavam relacionados com o objetivo do presente trabalho. Os resultados foram analisados por título, metodologia, resumo e, posteriormente, pela leitura do texto na íntegra dos artigos pré-selecionados, de modo a totalizar 6 artigos efetivamente utilizados para essa revisão. Como principais achados, observou-se o uso da sedação, especialmente o midazolam, como uma abordagem eficaz para controlar a ansiedade e o medo, proporcionando um ambiente calmo durante os procedimentos. O estudo ressalta a necessidade de monitoramento cuidadoso ao administrar sedação, considerando as doses elevadas frequentemente necessárias para pacientes com necessidades especiais. A avaliação do medo e pânico do paciente durante a anamnese é fundamental, influenciando o planejamento do atendimento. Elementos como um ambiente acolhedor no consultório e a construção de vínculos são apontados como contribuições para a aceitação do paciente. Além disso, enfatiza-se a necessidade de acesso igualitário a ações de saúde bucal para pessoas com necessidades especiais, permitindo procedimentos tanto em consultório quanto em ambientes hospitalares quando necessário. Logo, ressalta-se a importância da conscientização dos cirurgiões-dentistas acerca do atendimento a pacientes especiais e o uso seguro da sedação quando houver indicação e for necessário para a realização de procedimentos. Outrossim, também faz-se imprescindível o acesso das pessoas com necessidades especiais as ações de promoção, prevenção e reabilitação da saúde bucal, bem como aos procedimentos odontológicos realizados em ambientes hospitalares com o uso de anestesia geral ou sedação para pacientes com limitações que impeçam a realização no consultório. Assim, estudos como esse contribuem para proporcionar conhecimento aos profissionais da saúde e auxiliam na escolha da conduta clínica frente às adversidades presenciadas no cotidiano profissional.