ALÉM DAS FRONTEIRAS: MIGRAÇÃO E SOFRIMIENTO PSÍQUICO NA AMÉRICA DO SUL

  • Author
  • Thiago Nardoto do Carmo
  • Co-authors
  • Karla Mayerling Paz Ledesma , Carlos Allencar Sérvulo Rezende Pereira , Beatriz de Barros Souza , Lucía Belén Pérez , Yelena Maria Garcia Ferrer
  • Abstract
  • As migrações humanas, fenômenos globais complexos, têm sido amplamente pesquisadas e interessam a diversos campos multidisciplinares e sociopolíticos devido ao seu impacto em múltiplos aspectos da vida humana, incluindo a saúde mental. Aproximadamente 281 milhões de pessoas são migrantes internacionais, representando 3,6% da população mundial. O fluxo migratório da América Latina e do Caribe para a América do Norte e a Europa, estimado em cerca de 30 milhões de pessoas, tem sido tradicionalmente objeto de estudo e intervenção política. Em contraste, a migração intra-regional na América do Sul, que envolve aproximadamente 11 milhões de indivíduos e é influenciada por conflitos, violência, instabilidade política ou econômica, desastres naturais e mudança climática, tem recebido menos atenção na pesquisa e na coordenação de respostas regionais. 

     

    Os marcos internacionais de direitos humanos e de migração e refúgio estabelecem a saúde mental como um direito fundamental e um componente indivisível do bem-estar. Uma vasta literatura tem abordado, ao longo de décadas, a medicalização da saúde mental, questionando o modelo predominante biomédico. Nesse sentido, destaca-se que a saúde mental não pode ser limitada apenas à ausência de critérios psicopatológicos, pois sua compreensão e abordagem devem integrar um quadro mais amplo que considere as condições e   garantias necessárias para o desenvolvimento de recursos e habilidades em nível individual e coletivo, promovendo dignidade, inclusão, justiça e equidade social.

     

    Sobre essa  perspectiva, o sofrimento psíquico-social é uma categoria que permite focar na compreensão dos significados, sentidos e vivências de desconforto emocional e relacional experimentados por migrantes, refugiados e apátridas, em resposta aos processos e contextos produtores de sofrimento. Essa percepção e enunciação subjetiva do mal-estar também expressam problemas sociais, culturais e políticos historicamente presentes na américa do sul. 

     

    Objetivo: Analisar  e discutir  os processos  de sofrimento psíquico-social no contexto da migração intra-regional na América do Sul.

    Método: Ensaio teórico realizado a partir da revisão crítica de diversas concepções teóricas e evidências empíricas relacionadas à migração intra-regional na América do Sul e seu impacto no sofrimento psíquico-social

    Resultados:

    A garantia do direito à saúde mental na América do Sul enfrenta inúmeros desafios, incluindo a falta de políticas efetivas, o lento avanço da reforma psiquiátrica, dificuldades de acesso e qualidade dos serviços de saúde, e discriminação no atendimento. 

     

    Este trabalho dá visibilidade a questões de saúde mental que compõem a experiência de migração e refúgio, destacando processos de subjetivação deflagrados a partir dessa dinâmica. Atentar para a especificidade desta situação nos convoca a considerar formas de sofrimentos singulares, e que envolvem fatores como exposição à violência e discriminação, barreiras linguísticas e culturais, condições estas que acirram processos de vulnerabilização em curso quando se trata de pessoas em deslocamento territorial.

     

    Considerações finais:

     

    Pensar o sofrimento psíquico-social como marcador social dos processos migratórios, que se articula com outras características, coloca em discussão desigualdades sociais sistêmicas na América do Sul, evidenciando a interseção entre questões de saúde mental e estruturas de poder, econômicas e sociais, que influenciam a experiência dos migrantes na região.

  • Keywords
  • Sufrimiento psíquico-social, migração, refúgio, saúde mental, direitos humanos
  • Subject Area
  • EIXO 6 – Direito à Saúde e Relações Étnico-Raciais, de Classe, Gênero e Sexualidade
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