Introdução: Os aspectos positivos e negativos que permeiam a rotina de trabalho podem exercer influências diretas no desempenho individual dos profissionais. Diante disso, as influências positivas têm a tendência de fomentar sentimentos de bem-estar no trabalho (BET). O tempo dedicado ao trabalho representa uma parte substancial da vida de um indivíduo, desempenhando um papel fundamental na construção e desenvolvimento do seu bem-estar pessoal. Dentre os fatores antecedentes do BET, incluem-se o suporte organizacional, a autonomia e a segurança. O ambiente das universidades públicas tem dinâmicas de trabalho que exigem aptidões específicas e altamente especializadas, demandando dos trabalhadores produtividade tanto no campo do ensino, como na pesquisa e extensão. A realização de pesquisas com financiamento, atividades administrativas exaustivas, publicação de artigos em periódicos de alta qualidade, inovação no ensino, oferta de disciplinas em idiomas estrangeiros e busca por recursos financeiros para diversos projetos, torna os processos de trabalho desafiadores e na maioria das vezes exaustivos. Além disso, os gestores universitários buscam alcançar metas de melhorias para que a universidade esteja nos rankings das melhores Instituições de Ensino Superior (IES) do país e do mundo. A adoção de um estilo de vida saudável, dentro e fora do ambiente de trabalho são condições importantes para evitar o adoecimento físico e mental crônico. Com isso, o objetivo desse trabalho é em avaliar as condições de saúde e bem-estar de trabalhadores universitários em relação a presença de Transtorno Mental Comum (TMC), peso aumentado e risco metabólico, identificar as prevalências de TMC e obesidade, bem como as condições sociodemográficas e laborais dos trabalhadores e analisar as prevalências das medidas antropométricas, de bioimpedância e de glicemia capilar com ênfase no peso aumentado e risco metabólico. Este resumo foi extraído da dissertação de mestrado do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) em associação a Universidade Estadual do Pará (UEPA). Este projeto é vinculado a um projeto macro, intitulado como: Consolidando a Escola de Enfermagem de Manaus como Escola Promotora de Saúde- EPS, com aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da UFAM, sendo: CAAE-54136821.7.0000.5020. Métodos: Estudo descritivo, transversal de abordagem quantitativa. Os critérios de inclusão adotados foram: ser trabalhador com vínculo estatutário ou de contrato, atuando no mínimo 6 meses ou mais em uma das unidades acadêmicas da IES que concordarem em participar do estudo. Os trabalhadores que autodeclararam ser indígena e/ou estavam em condições de afastamento por qualquer que seja o motivo (licença paternidade e maternidade, licença médica, dentre outras condições) durante o período da coleta de dados, bem como as gestantes foram excluídos. Para obter melhor compreensão do universo de trabalhadores, foi enviado e-mail à Direção das Unidades Acadêmicas (UA) convidando-os a participarem do estudo. Dentre as 23 UA contactadas, 21 confirmaram participação, autorizando o contato com os servidores. Após isso, foi solicitado das secretarias acadêmicas que enviassem o convite para o e-mail institucional de todos os trabalhadores, no mínimo duas vezes por semana, no período de 05 agosto de 2022 a 24 janeiro de 2023.O público-alvo foi docentes e técnicos administrativos vinculados a uma Instituição de Ensino Superior pública. A coleta dos dados ocorreu em duas etapas. A primeira de forma remota, com aplicação de instrumento, que permitiu avaliar as condições sociodemográficas e a presença de Transtorno Mental Comum. A segunda foi presencial, para realizar as medidas antropométricas, de bioimpedância e glicemia capilar. A análise foi realizada no Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). As variáveis categóricas foram apresentadas em tabelas contendo frequências absolutas (n) e relativas (%). Assim como a regressão logística foi calculada considerando intervalo de confiança de 95% e P-valor ?0,05. Resultados: Dos 94 participantes, a maioria eram mulheres (66%), na faixa etária ?50 anos (63,8%), casadas (64,9%), com filhos (64,9%), sendo ? 2 (53,2%). A maior parte era docente (55,3%), com baixa percepção da sua condição de saúde (51,1%), apresentando peso aumentado (60,6%) e risco metabólico elevado (55,3%). Na comparação entre os grupos, os participantes com Transtorno Mental Comum (40,4%), eram os que tinham ? 3 dependentes de renda [60,5%, (p=0,011). A pergunta do Questionário para rastreio de transtorno mental comum com maior percentual de resposta SIM foi “sente nervoso/tenso/preocupado” (58,5%). Os participantes com peso aumentado, tinham média de 47,4 (p=0,004) anos de idade, filhos [75,4% (0,008)] e ? 3 dependentes da renda [54,4%(p=0,019)]. Também informaram ter alguma doença crônica [52,6% (p=0,029)], sendo a hipertensão mais frequente [47,4% (p=0,000)], e ter adoecido nos últimos 90 dias [35,1% (p=0,046)]. Os participantes com risco metabólico aumentado (55,3%), tinham > 50 anos de idade (50% (p=0,002), filhos [76,9% (p=0,007)] e desempenhavam suas funções laborais na área da Ciências Sociais e Humanas [44,2% (p=0,039)]. Além disso, consideraram sua saúde a melhorar/regular [61,5% (p=0,024), referiram ter hipertensão [44,2% (p=0,002)] e apresentaram peso [86,5% (p=0,000)] e relação cintura-quadril [55,8% (p=0,000)] aumentados. A análise de regressão logística mostrou que o sexo feminino tem 4 vezes maior chance para vir a ter Transtorno Mental Comum [OR=4.06 (IC95% 1.32 - 14.4), p? 0,02]. Os participantes com peso aumentado têm 8 vezes mais na chance de risco metabólico aumentado [8.47 (IC95% 2.07 -12.0) p? 0.008] e 4 vezes mais de percentual de gordura corporal elevado [4.78 (IC95% 1.90 - 5.10) p? 0.008]. Quanto ao risco metabólico aumentado, a chance aumentou para aqueles que referiram ter ? 3 dependentes de renda [4.52 (IC95% 1.07-22.8), p? 0.049] e ? 5 anos de tempo de atuação na IES [0.17 (IC95% 0.03-0.78), p? 0.036]. A gordura corporal [8.4 (IC95% 3.69-13.3), p? 0.001], a RCQ [4.31 (IC95% 4.05-7.75), p? 0.001] e o peso [15.3 (IC95% 3.36-20.1), p? 0.001] elevados, também aumentou a chance de risco metabólico. Conclusão: O estudo mostrou que mulheres, com gordura corporal aumentada, bem como aquelas com risco metabólico elevado têm maior vulnerabilidade em saúde para o desenvolvimento de algum Transtorno Mental Comum e Obesidade. Os achados apontam que os trabalhadores universitários necessitam ser incentivados a adotar práticas de autocuidado que favoreçam melhorar sua condição de saúde. A Instituição de Ensino Superior, que é engajada no Movimento das Universidade Promotoras de Saúde contribui para que o ambiente laboral ofereça melhores condições de bem-estar físico e mental para a comunidade acadêmica.