Nas Ciências da Saúde, a Enfermagem enquanto campo do saber, tem buscado avançar na sua produção de cuidado mediante a prática clínica. Para além de uma assistência tecnicista, é fundamental ir além do corpo anatômico, biológico e patológico. É preciso considerar a subjetividade e a integralidade do paciente; considerando-o como sujeito, ou seja, como ser singular. Para isso, tem-se buscado uma desconstrução de um modelo biomédico, e a (re)construção de práticas em saúde que seja ofertada com totalidade das ações em diferentes ópticas na tentativa de alcançar a integralidade e a implicação do sujeito na produção de cuidado.
Os movimentos de cuidado em saúde ofertado por uma equipe multidisciplinar, nos faz acreditar numa prática ainda mais próximo do paciente e sua integralidade. Articular esses saberes, ultrapassando o setor saúde, e compreendendo a importância do conhecimento oriundo das Ciências humanas e sociais é ainda mais sustentável e necessário na tentativa de reconhecer o paciente como ser e protagonista da produção desse cuidado que lhe-é ofertado.
Estudiosos tecem que a articulação de saberes e práticas, a enfermagem tem ampliado seu escopo de tecnologias para produzir o cuidado nos pontos de saúde. Sendo necessário, no entanto, a diversidade para além do corpo patológico, da doença orgânica, mas considerar o sujeito em sua singularidade para a suposta compreensão do que ele demanda. Pesquisadores reiteram que considerar o singular em um sistema de regras causa certo desconforto, pois desorganiza um espaço que funciona sistematicamente. Os autores ainda suscitam que, priorizar o singular de cada sujeito trata-se de ressaltar o que ele tem de mais particular, isso significa caminhar contra um sistema burocrático e sistematizado.
À vista disso, Lacan dedicado na subjetividade do sujeito, afirma que o saber apoiado e limitado na razão cientifica, não é suficiente para a prática de cuidado. Nessa perspectiva, ele defende a responsabilização do sujeito naquilo que o particularmente o afeta. Sobre isso, ele traz em 1966, p. 873: “por nossa posição de sujeito, sempre somos responsáveis”.
O inconsciente surgiu no século XIX por Sigmund Freud mediante aos seus estudos com pacientes histéricas, onde observou que determinados fenômenos encontrados no corpo não obedeciam às leis da consciência, defendida por René Descartes. Freud desenvolveu um método de escuta atendendo a essas mulheres, o que lhe permitiu descobrir que seus discursos advêm de uma outra racionalidade que, embora desconhecida por quem falava, portava um sentido a respeito dos sintomas e da própria verdade do sujeito.
Correlacionando o objeto de estudo da psicanálise - o inconsciente -, com a prática de cuidado em saúde, e sobretudo, em enfermagem, Junior e Moretto reiteram que existe uma predisposição de profissionais não perceberem ou subestimarem os danos que podem causar aos pacientes mediante as suas práticas clínicas, pois acreditam que o tratamento que lhe é oferecido é bem sucedido; abstendo-se de resultados negativos e fragmentados.
A ampliação da óptica do que é o cuidado de enfermagem e possibilitar as contribuições psicanalíticas para a oferta dessa assistência, permite uma escuta diferenciada, extrair e acolher o que permanece em estado de grande desordem no sujeito. Considerar o inconsciente nesses espaços de cuidado, é valorizar a linguagem do paciente. A palavra do sujeito comprometido em seu sofrimento. Assim, é possível uma oferta de cuidado que propõe um tratamento que por vezes, não é colocado como prioridade nos espaços de saúde, que não tem como proposta cuidar desse sujeito em questão.
Está advertido que o inconsciente perpassa a prática clínica, é compreender que o paciente deixará de ser um objeto de discurso biomédico totalizante e passará a se envolver no seu processo de adoecimento, hospitalização e cuidado. Autores tecem que quando existe uma óptica psicanalítica no cuidado de enfermagem, pressupõe uma relação onde ambos exerçam a condição de sujeitos, e este movimento possibilita o deslocamento do cuidado para além do modelo tecnicista e centrado na doença, mas alcançando um sujeito que fala e é protagonista desse cuidado, corroborando para uma prática integralizada.
Silva e Kirschbaum trazem que considerar um sujeito como sujeito do inconsciente é cuidar para que não se crie um saber que se opera sobre ele. Onde pensar a subjetividade, é pensar o humano. Como ela se apresenta e fala mediante ao ato de cuidar.
A elaboração do protocolo para a revisão de escopo, seguirá alicerçado nas recomendações do manual Joana Brigs Institute Evidence Syntesis (JBI). Peters, et al. (2022) afirmam que os protocolos para as revisões de escopo são documentos únicos que devem ser finalizados antes da condução da revisão. Os autores tecem que o material é extremamente importante para publicação, e assim, é capaz de evidenciar para a comunidade cientifica o que está sendo desenvolvido e objetivos almejados.
A escolha pela revisão de escopo dar-se-á pelo objetivo de mapear nas evidências cientificas conceitos relevantes acerca do objeto central do estudo. Autores apontam que é possível identificar a pergunta de pesquisa, os principais estudos na área estudada, selecionar, extrair os dados, sumarizar e apresentar os possíveis resultados esperados, como em questão, – a clarificação conceitual de sujeito do inconsciente no cuidado de enfermagem.
Corroborando com os achados de pesquisadores, faz-se necessário uma clarificação conceitual porque os conceitos relacionados ao sujeito do inconsciente não são claro para o cuidado de enfermagem, sendo necessário, portanto, o esclarecimento conceitual para contribuir para a construção do arcabouço teórico sobre o tema e objeto de estudo.
Com isso, o presente estudo, buscar-se-á responder a seguinte questão norteadora: Como estão sendo prestados os cuidados de enfermagem na perspectiva do sujeito do inconsciente?