Apresentação: A territorialização surge como ferramenta fundamental para o planejamento das ações de saúde, pois possibilita conhecer os aspectos ambientais, sociais, demográficos e econômicos e os principais problemas de saúde da população de determinada área, possibilitando desenvolver intervenções epidemiológicas e atividades voltadas às necessidades da comunidade adstrita, favorecendo, dessa forma, que a hierarquização e a regionalização se concretizem. O objetivo do trabalho é abordar o potencial da territorialização no contexto educativo, visando um maior entendimento do processo saúde-doença e território, uma vez que a territorialização realizada em campo pelos estudantes de Medicina do 1º período da Universidade Federal da Paraíba promoveu uma melhor compreensão da temática, caracterizando-se como uma medida revolucionária na educação em saúde.
Desenvolvimento: O presente trabalho é um estudo descritivo do tipo relato de experiência. As atividades foram realizadas por acadêmicos do 1º período do curso de Medicina, da Universidade Federal da Paraíba, no semestre 2023.1 e ocorreram durante a realização das práticas propostas na disciplina de Cuidado em Saúde na Comunidade e ocorreram no bairro do Cristo Redentor, situado na Zona Oeste da cidade de João Pessoa, mais especificamente na comunidade Boa Esperança. Para tal produção, foram realizadas atividades em campo juntamente com o docente responsável pela disciplina, uma liderança comunitária e trabalhadores da Unidade Básica de Saúde responsável pelo território.
Resultados: A possibilidade de analisar o território da comunidade elencou diversos componentes cotidianos importantes para o entendimento do processo saúde-doença, como: áreas de risco ambiental e social, condições sanitárias das ruas (frequência da coleta de lixo e saneamento básico), distância da comunidade aos serviços de saúde, pontos de ônibus, entre outros. A partir do conhecimento do território pelos alunos, foi possível elaborar planos de cuidado às famílias atendidas na disciplina de maneira eficaz, humana e estratégica, construindo-se a partir disso um repertório sólido para o processo formativo.
Considerações finais: A participação e construção do processo de territorialização junto às lideranças locais, trabalhadores da saúde e usuários se mostra uma ferramenta inovadora, com potencial de inserir o discente dentro do contexto de território em saúde e capaz de articular com os aspectos teóricos nos quais se constroem a política do Sistema Único de Saúde, proporcionando que o aluno compreenda na prática a importância do território na saúde da população, principalmente pela expressão marcante das desigualdades socioeconômicas nacionais. Ressalta-se que o território é o espaço concreto da vida social, principal cenário da atuação do médico de saúde da família, um importante campo de trabalho médico, no qual a compreensão da relação entre o processo saúde-doença e território é fundamental para a formação de profissionais capazes de compreender essa relação no sentido mais amplo e atuar de maneira mais eficaz sobre ela.