Além do compartilhamento de fotos e vídeos, o Instagram passou a se tornar uma profissão para alguns usuários. Os influenciadores digitais são capazes de influenciar, formar opiniões e servir de referência para seus seguidores, com a exponente crescente desses perfis, que abrangem diversos assuntos, dentre eles, a maternidade, cria-se as chamadas mães influenciadoras. Nesses perfis, é compartilhado a rotina da maternidade, os produtos utilizados e dicas de como vivenciar esse momento. A partir disso, o Instagram passou a ser usado como uma vitrine em que a maioria dos influenciadores mostra uma vida de sucesso e permeada por dinheiro. Através de imagens construídas, a maternidade é perpetuada de forma hegemônica, associada a ideia de que é uma condição natural da mulher, sendo idealizada e resumida em plenitude, conquista e felicidade. No entanto, a realidade da maioria das mães brasileiras é muito diferente da apresentada nesses perfis, o que traz a necessidade de se pensar em uma maternidade plural, carregada de dificuldades financeiras, ausência de políticas públicas e perpassada por sentimentos de culpa, angústia e sofrimento. A metodologia utilizada neste trabalho foi a coleta e análise de dados obtidos em sete entrevistas com mães que vivenciam uma maternidade real e seguem perfis de mães influenciadoras, realizadas durante uma iniciação científica. A partir disso, foi possível observar que a maternidade apresentada pelas mães influenciadoras não contempla a realidade da maioria das famílias brasileiras, tornando determinada forma de maternidade hegemônica, que por consequência, segrega outras formas de maternar. Além disso, a maioria das entrevistadas afirmou comparar o exercício da sua maternidade com a apresentada pelas mães influenciadoras, principalmente no que tange às diferenças financeiras e, ao poder de compra e acessos a serviços, o que acarretou em sofrimento e sentimentos de culpa e frustração por não conseguirem atingir o ideal que é compartilhado. Dessa forma, pode-se concluir que o ideal de maternidade que circula nos perfis de mães influenciadoras impacta diretamente nas mães que são suas seguidoras, e corrobora com a manutenção de uma maternidade hegemônica e idealizada. Diante disso, o presente trabalho pretende refletir e articular o relato das entrevistadas com a forma com que os serviços de saúde pensam a maternidade e quais perfis de mães o Sistema de Saúde está preparado para receber, visto que pensar na subjetividade e na saúde mental materna perpassa pensar na rede de cuidados que estas irão receber durante a após a gestação.
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