1. APRESENTAÇÃO
Este trabalho consiste na sistematização das vivências no âmbito do VER-SUS Potiguar em sua edição do ano de 2022. Aqui falamos de um sujeito coletivo - estudantes de diversas Instituições de Ensino Superior do Rio Grande do Norte: UFRN, UERN, UFERSA, FCRN. Dentre essas universidades já se impõe uma multiplicidade, tendo em vista que engloba a esfera pública - federal e estadual -, e também instituição de ensino privado. Para além, dessa diversidade de contextos, partimos de diversos cursos de graduação: Serviço Social, Psicologia, Enfermagem, Medicina Veterinária e Gestão Hospitalar. Contando com os nossos facilitadores, se somam profissionais da Saúde Coletiva, docentes das IES envolvidas, dentre outros. Nós, viventes, carregamos ainda diversidades outras, que perfazem nossa formação subjetiva e nossa forma de ser e estar no mundo.
Esta edição do VER-SUS Potiguar aconteceu em três cidades, mas a experiência em tela aconteceu no município de Caicó, região do Seridó, interior do estado do Rio Grande do Norte. Chegamos ao território, em seus múltiplos contextos de periferização, de ruralidades, de espacialização urbana.
O VER-SUS Potiguar é um projeto da Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP) que consiste em proporcionar estágios de vivência e experiências na realidade do Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto conta com uma seleção, direcionada para estudantes de cursos de graduação vinculados à saúde e também movimentos sociais. O projeto tem suas raízes no VER-SUS Brasil, com a articulação da Rede Unida. Contudo, não será o meu foco falar sobre esses aspectos do histórico do VER-SUS, dedicar-me-ei ao relato da experiência, em consonância com reflexões suscitadas a partir das vivências. As partes desse trabalho serão divididas pelos temas abordados em nossas vivências e, a partir deles, direcionarei os enfoques para as reflexões.
2. RECONHECENDO UM TERRENO HISTÓRICO-SOCIAL
O primeiro dia foi permeado de acolhida e expectativas iniciais pelos próximos dias a serem vivenciados. Fomos recepcionados na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) - Campus Avançado de Caicó, onde foi apresentado o desenvolvimento do projeto, como uma iniciativa da SESAP, através das articulações da Rede Potiguar de Educação Permanente em Saúde (REPEPS) e a Comissão Integrada de Ensino e Serviço (CIES), em consonância com as contribuições da Rede Unida, Escola de Saúde Pública do RN (ESP-RN) e a Fundação para o Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio Grande do Norte (FUNCITE-RN).
A articulação de esforços supracitada encontra apoio na SESAP-RN na implementação da Política Estadual de Educação Permanente em Saúde, estando o VER-SUS Potiguar incluso como uma importante iniciativa que vai de encontro às perspectivas necessárias a formação dos profissionais de saúde para atuação no SUS, com compromisso ético pautados em princípios e valores na defesa da saúde como direito de todos e dever do Estado, como foi destacado pela professora Dra. Maura Vanessa (UERN).
Estar em Caicó para vivenciar e experienciar a realidade do SUS – em suas implicações e mediações com os sujeitos no processo de promoção de saúde -, nos impele a adentrar na historicidade do território. Apresento a seguir tabelas com alguns lugares visitados e um breve relato sobre as vivências e apreensões - devido a limitação de palavras na construção desta sistematização.
Ao retornar para o Sindicato dos Trabalhadores Rurais – onde estávamos alojados – tivemos um momento de partilha das vivências do dia em contato com o território de Caicó. Parte dos relatos foi possibilitada pela atividade de mística proposta por um dos Núcleos de Base dos viventes, onde fomos instigados a criar uma teia de histórias a partir de nossa experiência e aprendizados daquele dia.
3. NAS ENTRANHAS DOS SERTÕES: PERCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E CUIDADO
Entranhar-se pelo sertão, foi para nós, um processo de busca por outras alternativas de organização da vida, outras vivências com a natureza, outras formas de cuidado e promoção à saúde em consonância com o meio ambiente.
4. (IN)CONCLUSÕES: UM PROCESSO EM MOVIMENTO DE CONTINUIDADE
Minha ciranda não é minha só
Ela é de todos nós, ela é de todos nós
(Lia de Itamaracá)
Essa escrita não é minha só, ela é de todos nós - versusianos viventes, facilitadores, docentes, sujeitos usuários e trabalhadores de todos os espaços que experienciamos. Sem a pretensão de conclusões e sem despedidas, finalizo esse processo de escrita falando de caminhos abertos: aqui, as (in)conclusões sinalizam o início de um processo de movimento em continuum. Como prometi no início, não faltarei com as palavras, na pretensão de que essas narrativas instiguem e deem a vitalidade para que não nos falte ação.
Assim, almejamos que essa articulação potente de afeto e princípios em defesa transformação social, seja a nossa mola propulsora de uma práxis revolucionária. Que possamos nos ramificar em diversos espaços sócio-ocupacionais, sendo sempre orientados pelas ideias-ação que construímos durante o VER-SUS. Entrelaçados em vivências e experiências de imersão no movimento do real, junto aos sujeitos em múltiplos espaços, descobrimo-nos como sujeito coletivo, que possa ser transformador para nós e através de nós.