APRESENTAÇÃO: A doença renal crônica (DRC) é uma condição progressiva e irreversível caracterizada pela perda gradual da função renal ao longo do tempo. A DRC afeta milhões de pessoas em todo o mundo e está associada a um aumento expressivo na morbidade e mortalidade. A progressão da DRC é frequentemente acompanhada por várias complicações, incluindo distúrbios do metabolismo mineral e ósseo, que resultam na Osteodistrofia renal (OR), uma das principais complicações ósseas em pacientes com insuficiência renal crônica. A Osteodistrofia Renal é um termo amplo que descreve as alterações complexas no metabolismo ósseo e mineral observadas em pacientes com DRC. Estas alterações são, em grande parte, consequência de desequilíbrios no cálcio, fósforo, vitamina D e hormônio paratireoide (PTH), que desempenham papéis categóricos na manutenção da homeostase mineral e da integridade óssea. Cumpre mencionar que estudos recentes indicam que a OR pode se manifestar de várias formas, incluindo osteíte fibrosa cística, doença óssea à dinâmica e osteomalácia, cada uma com diferentes patogêneses e implicações clínicas. Uma das características mais proeminentes da Osteodistrofia renal é a hiperparatireoidismo secundário, que ocorre como uma resposta adaptativa à hipocalcemia e à deficiência de vitamina D, comuns em estágios avançados de DRC. O aumento da secreção de PTH leva à reabsorção óssea aumentada, resultando em fraqueza óssea e risco elevado de fraturas. Outrossim, o acúmulo de fosfato devido à diminuição da excreção renal exacerba a deposição de fosfato de cálcio nos tecidos moles e nos vasos sanguíneos, contribuindo para a calcificação vascular e outras complicações cardiovasculares frequentemente observadas em pacientes com DRC. O manejo da Osteodistrofia renal é complexo e requer uma abordagem multidisciplinar. As estratégias terapêuticas incluem a suplementação de vitamina D, o uso de agentes quelantes de fósforo e o controle do hiperparatireoidismo secundário através de medicamentos ou, em casos graves, paratireoidectómica. O estudo visou relatar experiencia na aplicação Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em um paciente com o diagnostico Osteodistrofia Renal (OR). DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiencia com abordagem qualitativo, vivenciado no contexto de formação acadêmica de enfermagem, em estágio obrigatório da disciplina de Urgência e Emergência, da Universidade do Estado do Pará (UEPA) que utilizou a SAE e a taxonomia da North American Nursing Diagnosis Association Internacional (NANDA-I), como ferramenta para prestação de cuidados a um paciente jovem adulto renal crônico no setor de acolhimento de um Hospital Regional de Média alta complexidade, no município de Santarém-Pá no período de abril de 2024. Foram realizadas buscas em prontuário e na ferramenta Tasy. A análise se deu de forma crítica e reflexiva. RESULTADOS: Durante o estágio se dividiu em três momentos, primeiramente conhecendo a estrutura e a equipe do setor, posteriormente tivemos a oportunidade de elaborar uma escala de funções para acompanhar um profissional no setor, logo começamos o momento de investigação, elegendo um paciente para acompanhar, usando o Tasy (prontuário eletrônico) e o prontuário físico, afim de entender profundamente a história clínica do paciente, com uso da SAE, para nos apropriarmos dessa ferramenta e colaborar para melhor prognostico. Nesse contexto, um paciente renal crônico despertou a curiosidade de entender melhor seu caso, que vamos identificar pela sigla WJN, paciente jovem-adulto, do sexo masculino, com 28 anos de idade, negro, ensino médio incompleto, solteiro, que já era acompanhado pelo setor de nefrologia e fazia sessões de hemodiálise há 8 anos no setor de terapia renal substitutiva do hospital. WJN, relatou o motivo da sua internação e suas queixas naquele momento, que eram dor, distensão abdominal, flatulência, caibras e dificuldade de andar, bem como, estava com dificuldade em suportar a sessão de hemodiálise relatando mal-estar após a sessão e durante tendo episódios de hipotensão. A posteriori, o relato das queixas do paciente, foram analisados os exames laboratoriais para obter um entendimento mais profundo de sua condição clínica, os resultados revelaram algumas anormalidades que esclarecem alguns dos seus sintomas, contribuindo para o diagnóstico de OR, tal como uma série de desequilíbrios metabólicos e complicações associadas à sua condição. Os achados laboratoriais foram (hipocalcemia, hipermagnesemia, hipercalemia, acidose respiratória, hipercapnia e hipoxemia), indicando comprometimento respiratório. O hemograma completo revela anemia (hemoglobina 9,6 g/dl) e leucocitose leve (10.800/µL), sugerindo uma resposta inflamatória ou infecciosa) sublinham a complexidade do quadro clínico, exigindo uma abordagem terapêutica abrangente para corrigir os desequilíbrios eletrolíticos, controlar a inflamação e manejar a anemia e outros distúrbios associados à DRC e à Osteodistrofia Renal. Ocasionalmente, com base nesses achados laboratoriais, foi possível ajustar o plano de cuidados, utilizando a SAE para monitorar e tratar suas complicações de forma eficaz. Vale ressaltar que se trata de um paciente com inúmeros possíveis diagnósticos, baseado no NANDA-I, considerando os diagnósticos já implementados pela equipe de enfermagem, outros foram alacados como 1) Risco de pressão arterial instável devido a sessão de hemodiálise, 2) memoria prejudicada devido ao desiquilibro eletrolítico, 3) mobilidade física prejudicada relacionado a dor, 4) risco de padrão respiratório ineficaz relacionado à acidose respiratória e hipoxemia, 5) déficit de autocuidado da alimentação devido a patologia pré-existente e anemia , 6) risco de anemia relacionado à diminuição da produção de eritropoetina, 7) dor aguda relacionada à distensão abdominal e cãibras musculares. Foram priorizadas algumas intervenções NIC para os diagnostico de NANDA-I respectivamente as intervenções foram:1) Ajustar a taxa de ultrafiltração de acordo com a tolerância do paciente e os parâmetros hemodinâmico, é fundamental monitorar os sinais vitais antes, durante e após as sessões, 2) Avaliar o nível de consciência, orientação e capacidade da memória, além de corrigir os níveis de eletrolíticos, como sódio, potássio, cálcio e magnésio, fazer educação em saúde com o paciente e os familiares sobre os efeitos deste desiquilibro, 3) Controlar a dor, através de administração de analgésico conforme prescrição medica, avaliar a intensidade e implementar outras medidas de alivio, promover a mobilidade, incentivando movimentos ativos conforme a tolerância do paciente, e auxiliar no plano de exercícios que minimize a dor e aumente a mobilidade, 4) Monitorar a respiratória, administrar terapia de oxigênio, suplementar conforme necessário para manter os níveis adequados e monitor e corrigir desequilíbrios ácido-base conforme o necessário, 5) Prestar assistência na alimentação, elaborar um plano de cuidado nutricional e incentivar o consumo de alimentos ricos em nutrientes que melhorem a condição de saúde, 6) Administrar eritropoetina conforme prescrição medica, monitoramento hematológicos e fornecer educação em saúde sobre o processo da doença,7) Realizar administração de medicamento para controle da dor conforme prescrição, aplicar medidas de conforto, como posicionamento adequado do paciente, técnica de alivio de distensão e massagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Para os acadêmicos, vivenciar a aplicação da SAE no contexto clínico é uma oportunidade valiosa de aprender não apenas sobre os aspectos técnicos da enfermagem, mas também sobre a importância de cuidar do paciente de forma holística e individualizada. Ao observar e participar ativamente do processo de tomada de decisão e implementação do plano de cuidados, os acadêmicos podem desenvolver habilidades essenciais de pensamento crítico, comunicação eficaz e trabalho em equipe, que são fundamentais para uma prática de enfermagem de qualidade.